A Multiplica Crédito & Investimentos, com quase R$ 16 bilhões sob custódia, acaba de atingir um marco simbólico no competitivo mercado de fundos de crédito. O seu flagship, o Multiplica FIDC, superou a marca de R$ 1 bilhão sob gestão. A informação foi antecipada ao BRAZIL ECONOMY. Segundo Eduardo Barbosa, um dos sócios fundadores da casa, a conquista coloca o ativo entre os cinco maiores do País nos nichos de multicedentes e multissacados.
“A gente bateu R$ 1 bilhão em um único FIDC, focado em crédito privado e com uma carteira extremamente líquida. É um divisor de águas. Esse fundo opera quase meio bilhão de reais por mês em novas operações”, afirmou Barbosa.
A gestora, que completou 11 anos em maio e nasceu como uma boutique com foco exclusivo em crédito, possui hoje quase 50 FDICs ativos. O volume total sob custódia no segmento de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios deve fechar o mês em torno de R$ 7 bilhões, com expectativa de chegar a R$ 8 bilhões até o fim de 2025.
O Multiplica FIDC é um fundo lançado em 2016, que busca adquirir direitos creditórios oriundos de operações de natureza industrial, comercial, agrícola, hipotecária e imobiliária. Neste ano até março, a rentabilidade alcançou 6,94%, o equivalente a 170,08% do CDI.
O sucesso do fundo bilionário, conforme explicou Barbosa, está diretamente ligado à estratégia da casa de oferecer produtos financeiros inovadores. Segundo ele, foi a primeira estrutura no Brasil a financiar operações de exportação por meio de um FIDC. “A maioria do mercado ainda atua com antecipação de recebíveis padrão. A gente foi pioneiro em sair disso, com um fundo de exportação que cresceu muito e nos deu qualidade de risco superior à média do mercado”, disse.
A ambição da Multiplica é se tornar, até meados de 2026, a maior gestora de FIDCs multicedentes e multisacados do País – tanto em volume total quanto com o maior fundo individual desse tipo. “Hoje, como gestora, estamos entre os três maiores. Com esse fundo, estamos entre os cinco. O próximo passo é liderar os dois rankings”, afirmou Barbosa.
Um FIDC multicedente e multisacado é aquele que pode comprar carteiras de recebíveis de diferentes empresas (chamados de cedentes) que vendem para diferentes clientes (nomeados de sacados), e esses recebíveis seriam, por sua vez, vendidos a investidores.
Para conseguir avançar nesse segmento, a Multiplica aposta na combinação de inovação de produtos, relacionamento próximo com os clientes (tomadores de crédito) e uma estrutura comercial robusta. Com cerca de 330 colaboradores, o grupo tem sede na Avenida Paulista e unidades regionais em Goiânia, Porto Alegre, Londrina e, mais recentemente, Campinas.
Perfil do investidor e diferenciais competitivos
O Multiplica FIDC, responsável pelo marco de R$ 1 bilhão, tem como base uma carteira com prazo médio inferior a 60 dias, o que garante alta liquidez. O perfil de investidor é majoritariamente formado por gestoras, bancos, family offices e fundos de previdência. Apenas cerca de 10% do capital vêm de investidores qualificados pessoa física, via plataformas.
Barbosa afirmou que o grande diferencial competitivo da casa está na proximidade com o cliente tomador e na estrutura de produtos “360 graus”, que inclui desde crédito até seguros e serviços. “Nosso foco é abraçar o cliente por completo. Temos um turnover muito baixo e conseguimos fidelizar. Isso dá escala”, disse.
Além disso, a gestora se posiciona como alternativa a bancos tradicionais, especialmente num momento em que o crédito no sistema financeiro ainda enfrenta restrições. “Estamos absorvendo ineficiências. Hoje conseguimos acessar empresas com perfil de risco duplo A, que antes estavam concentradas nos grandes bancos”, afirmou.
Fundos exclusivos e expansão internacional
Barbosa contou que o grupo tem um cronograma para trazer um produto novo a cada dois meses. O mais recente no segmento de crédito privado foi o Napoli FIDC, estruturado em parceria com a construtora Telesil para financiar fornecedores da companhia. “É um fundo exclusivo, algo que o mercado ainda conhece pouco, mas que traz muito valor agregado. A gente lançou na quarta-feira (21) em um evento fechado”, disse o executivo.
Para os próximos meses, o grupo prepara um produto ainda mais ousado: o primeiro FIDC offshore da casa. O fundo está em fase de estruturação e deve ser lançado até o início de 2026. “Crescemos muito no mercado externo. Essa estrutura será uma tese inovadora, queremos ser pioneiros nisso também”, afirmou.
Para Barbosa, o crescimento acelerado dos FIDCs não é uma moda passageira, mas parte de uma transformação estrutural do mercado de crédito brasileiro. A especialização dos fundos, combinada à digitalização e à chegada das fintechs, cria um ambiente fértil para a expansão dessa classe de ativos.
“O FIDC é um produto simples no propósito, mas sofisticado na execução. É muito dinâmico e está sendo cada vez mais procurado, especialmente com a Selic elevada e o retorno da renda fixa. Há muito espaço para crescer, inclusive no varejo”, concluiu.