Bayer se aproxima do primeiro bilhão de euros em vendas na América Latina

Com crescimento de dois dígitos e inovação em áreas críticas como oncologia, doenças cardiorrenais e saúde feminina, gigante farmacêutica aposta em ampliar o acesso a tratamentos na região

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Imagens: Divulgação

Adib Jacob, presidente da Bayer na região, afirma que o primeiro bilhão já teria sido alcançado não fosse a questão cambial

Adib Jacob, presidente da Bayer na região, afirma que o primeiro bilhão já teria sido alcançado não fosse a questão cambial

Em ritmo acelerado, a divisão farmacêutica da Bayer na América Latina está prestes a alcançar um marco histórico: o primeiro bilhão de euros em vendas. Em 2024, a companhia somou 825 milhões de euros em receitas na região, um salto de 10,8% em relação ao ano anterior — desempenho quase quatro vezes superior à média global da divisão farmacêutica da empresa, que foi de 3%.

“Se não fossem as questões cambiais, já teríamos batido esse bilhão”, afirmou Adib Jacob, presidente da divisão para o Brasil e América Latina, durante o evento anual para a imprensa, realizado nesta segunda-feira (6). Segundo o executivo, o crescimento é parte de uma curva sustentada e com ambição de continuidade. “Estamos comprometidos em manter esse ritmo de dois dígitos nos próximos anos”, reforçou.

O forte desempenho tem raízes claras: uma estratégia centrada em marcas prioritárias e, principalmente, na ampliação do acesso a medicamentos por meio dos sistemas público e privado de saúde. Nos últimos três anos, foram mais de 75 lançamentos entre novas moléculas e indicações em mais de 30 países da região. Além disso, há atualmente mais de 85 pesquisas clínicas em andamento, muitas delas voltadas a pacientes atendidos pelo setor público.

“Deixamos de ser coadjuvantes há algum tempo. Hoje, queremos que os pacientes latino-americanos tenham acesso rápido ao que há de mais inovador”, destacou Jacob. Um exemplo emblemático é a darolutamida, medicamento para câncer de próstata lançado inicialmente no Brasil em 2019. Hoje, é um blockbuster global que gerou 53 milhões de euros em vendas na América Latina só em 2024.

Outro destaque é o aflibercepte 8 mg, voltado a doenças da retina como o Edema Macular Diabético e a DMRI. Lançado simultaneamente na Europa, México, Brasil e Argentina, o medicamento já está incorporado ao sistema privado de saúde brasileiro, e a Bayer trabalha para sua inclusão no SUS.

Esse movimento tem reequilibrado as vendas da companhia, divididas hoje entre o mercado institucional — que inclui governo e operadoras de saúde — e o varejo direto ao paciente. “Quando um medicamento entra no sistema público ou privado, todos ganham: pacientes, médicos, o sistema de saúde e a própria indústria, que reinveste em pesquisa”, afirmou Jacob.

A Bayer tem apostado em moléculas estratégicas para doenças com alta incidência e baixa oferta terapêutica. A finerenona, voltada à Doença Renal Crônica associada ao diabetes tipo 2, é um desses exemplos. Estima-se que 11,5 milhões de pessoas na América Latina sofram da condição, que pode levar à hemodiálise ou ao transplante renal se não for tratada.

Segundo Eli Lakryc, vice-presidente da Área Médica da divisão Farmacêutica na região, a finerenona também mostrou resultados positivos contra a insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada — um tipo de difícil diagnóstico, mas crescente entre pacientes com obesidade e sedentarismo.

A empresa já investe em novas indicações e até em terapia gênica, com estudos em estágio avançado para insuficiência cardíaca e doença de Parkinson.

Frente ampliada contra o câncer de próstata

Com projeção de dobrar os casos no mundo até 2040, o câncer de próstata é uma prioridade. A Bayer lidera estudos com a molécula darolutamida, já aprovada para duas indicações e em análise para uma terceira — com expectativa de aprovação regulatória na América Latina entre 12 e 18 meses. O estudo ARANOTE, recém-concluído, reforça o potencial da molécula.

Já estudo PEACE III investigou o uso isolado do inibidor de testosterona combinado ao dicloreto de rádio-223 em pacientes com câncer de próstata com metástases ósseas. O estudo mostrou que esses pacientes apresentaram uma redução de 31% no risco de progressão da doença e uma sobrevida média de 42,3 meses.

“Para o paciente que enfrenta a doença nesse estágio, a possibilidade de viver mais momentos de qualidade ao lado de seus amigos e familiares representa uma transformação significativa, possibilitando vivenciar experiências que farão toda a diferença”, ressalta Lakryc.

Referência em saúde feminina

Com mais de 60 anos de tradição e liderança global em saúde da mulher, a Bayer mantém o compromisso de acompanhar todas as fases da vida feminina. O foco não está apenas em contracepção, mas também no tratamento de condições ginecológicas e da menopausa.

Um símbolo dessa trajetória é o contraceptivo intrauterino levonorgestrel 52 mg, que completa 25 anos em 2025. Além de prevenir a gravidez, ele é indicado para tratar sangramento uterino anormal e sintomas da menopausa. A Bayer também aguarda a aprovação do elinzanetant, uma molécula não hormonal que promete aliviar ondas de calor e distúrbios do sono durante a menopausa.

Até 2030, a meta global da empresa é impactar a vida de 100 milhões de mulheres com métodos contraceptivos de longa duração. Só na América Latina, mais de 9 milhões de mulheres já foram beneficiadas por programas da Bayer voltados ao acesso em países de baixa e média renda.

O pipeline da Bayer reflete sua aposta no futuro. Nos últimos cinco anos, a companhia ampliou seu foco em áreas críticas, com destaque para oncologia (40% dos projetos), doenças cardiorrenais (30%) e terapias celulares e gênicas (20%).

Hoje, são cerca de 30 projetos em desenvolvimento — alguns próprios, outros em parceria com startups e empresas de biotecnologia. “Estamos direcionando nosso investimento para as áreas que mais impactam a mortalidade global: o câncer e as doenças cardiovasculares”, reforça Lakryc. Entre os estudos mais avançados, estão terapias gênicas em fase II para Doença de Parkinson e insuficiência cardíaca congestiva, além de tratamentos experimentais para doenças raras e neurológicas.

A fórmula latina da Bayer

  • € 825 milhões em vendas na América Latina em 2024
  • Crescimento de 10,8%, quatro vezes acima da média global
  • Mais de 30 milhões de pacientes impactados na região
  • 26% de margem EBITDA da divisão farmacêutica
  • Mais de 85 estudos clínicos em andamento
  • 75 lançamentos nos últimos três anos
  • Meta de atingir € 1 bilhão em vendas até 2027

 

 

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