Uma Tiffany do vinho brasileiro no coração da elegante Serra Gaúcha

Empresário bem-sucedido no setor moveleiro, Noemir Capoani avança no segmento de luxo com bebidas e cosméticos inspirados na cor consagrada pela mais famosa grife de joias dos Estados Unidos

Celso Masson*
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Imagens: Divulgação

Piquenique no jardim: uma das propostas de enoturismo da vinícola que tem até auditório para 250 pessoas e loja de vinhos, espumantes, azeites, cosméticos e acessórios

Piquenique no jardim: uma das propostas de enoturismo da vinícola que tem até auditório para 250 pessoas e loja de vinhos, espumantes, azeites, cosméticos e acessórios

Um grupo de 260 advogados se reuniu nos dias 11 e 12 de abril para participar do 40º Simpósio de Direito Previdenciário, sediado este ano em Monte Belo do Sul (RS), cidade vizinha a Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. Embora não seja uma referência acadêmica nessa especialidade jurídica, nem sequer conte com uma rede hoteleira com infraestrutura voltada para palestras e debates, a cidade foi escolhida por outro tipo de apelo junto aos advogados: o fato de o evento ser realizado dentro de uma vinícola. Os organizadores elegeram a Vinhedos Capoani, que elabora vinhos e espumantes primando pela elegância, refinamento e, segundo o proprietário, Noemir Capoani, “com olhar nas aspirações dos consumidores modernos, que buscam produtos com atitude inovadora”.

A vinícola está localizada no Vale dos Vinhedos, que desde 2011 se tornou a primeira Denominação de Origem para vinhos finos do Brasil e abriga alguns dos produtores de maior renome no mercado nacional, como a Casa Valduga e o Miolo Wine Group. Ainda menos conhecida, mas com potencial para se tornar uma das grandes marcas de espumantes e vinhos do país, a Vinhedos Capoani se destaca da concorrência por alguns detalhes que saltam aos olhos.

O mais evidente é a cor predominante em seus rótulos: o inconfundível azul Tiffany, consagrado pela famosa grife de joias criada na década de 1830 em Nova York. Segundo Capoani, a escolha da cor reflete o posicionamento de sua marca, que valoriza o visual como estratégia para seduzir o consumidor de maior poder aquisitivo. Tanto que alguns de seus rótulos ultrapassam a casa de R$ 1 mil. É o caso do espumante Blanc de Blanc 2011. Com design exclusivo, seu rótulo de metal transmite modernidade e sofisticação. Vendido tanto na loja quanto no e-commerce da vinícola por R$ 1.280, ele é embalado em uma caixa personalizada, ideal para presentear ou expor em uma coleção de bom gosto.

Ainda que a embalagem seja responsável por parte do preço elevado desse produto, o líquido que ela abriga não deixa nada a desejar, rivalizando em qualidade tanto com os melhores espumantes brasileiros quanto com parte do que é produzido por algumas maisons de Champagne. “Nossos vinhos trazem uma expressão que evoca a memória que tenho dos meus antepassados, das conversas do meu avô com meu bisavô, do meu pai com meu avô, de quando eles vieram da Itália, em 1878”, disse Capoani. Segundo ele, sua família foi pioneira no cultivo da uva Chardonnay no Brasil.

Seguindo essa vocação, além de produzir espumantes e vinhos de alto valor agregado, Capoani tem se dedicado a introduzir variedades ainda pouco conhecidas no país, como a branca Riesling Renano Trocken e a tinta Malvasia Nera. “No próximo ano faremos o Pêra Manca nacional”, afirmou, em tom de brincadeira, referindo-se às uvas autóctones de Portugal que já está cultivando e que entrarão em um blend semelhante ao do mais cobiçado vinho alentejano. Atualmente, Capoani produz um rótulo com a casta portuguesa Touriga Nacional.

Noemir Capoani diz que seu espumante é produzido com olhar nas aspirações dos consumidores modernos, que buscam produtos com atitude inovadora
Noemir Capoani diz que seu espumante é produzido com olhar nas aspirações dos consumidores modernos, que buscam produtos com atitude inovadora

Curiosamente, antes de se dedicar ao vinho, o atual proprietário da vinícola que leva seu sobrenome foi moveleiro. Incentivado pelo pai, Volmir, a empreender em outro ramo de negócio, Noemir fundou, em 1990, a Ditália Móveis. A empresa cresceu rapidamente. Em menos de três décadas, as vendas alcançaram o mercado internacional. Atualmente, a Ditália exporta para 63 países — além de estar presente em lojas físicas de revendedores em todo o Brasil e em marketplaces como o Magazine Luiza. Sua planta industrial, também em Monte Belo do Sul, ocupa uma área de 40 mil m².

O reencontro de Noemir com o mundo do vinho se deu em 2009, após o falecimento de seu pai. Junto aos seus filhos, Wilian e Renan, ele assumiu a administração dos vinhedos da família, dando início ao seu projeto vitivinícola. Em um espaço criado para o enoturismo, que inclui bosques e lago, a Vinhedos Capoani abriga o restaurante Trattoria Sagrantino, o anfiteatro que sediou o encontro de advogados e uma bela loja que vende muito mais do que os rótulos da marca. São cosméticos, azeites, destilados e acessórios como taças, sabres, bolsas de couro e até um guarda-chuva — sempre com a indefectível cor Tiffany.

Caixa do espumante Blanc de Blanc 2011, com rótulo de metal, vendido a R$ 1.280. “Dentro de cada garrafa dessas nós temos a obrigação de colocar a elegância que está por fora”
Caixa do espumante Blanc de Blanc 2011, com rótulo de metal, vendido a R$ 1.280. “Dentro de cada garrafa dessas nós temos a obrigação de colocar a elegância que está por fora”

“Aqui há uma memória afetiva muito grande. Dentro de cada garrafa dessas, nós temos a obrigação de colocar a elegância que está por fora”, afirma Capoani. “São produtos elaborados com o coração e com alma. Quando eu degusto cada um desses vinhos e espumantes, eu respiro fundo, pois dentro de cada garrafa existe muito amor, muito carinho e muita dedicação.” Os vinhos são realmente muito bem feitos e oferecem boa relação entre preço e performance. Dois bons exemplos são o Corte Bordalês 2023 (R$ 257,00), com aromas de frutas vermelhas, cassis, baunilha, especiarias e notas sutis de tabaco; e o Capoani Oaked Pinot Noir 2022 (R$ 181,00), elaborado pelo método whole cluster, que emprega cachos inteiros de uvas para uma complexidade única, resultando em textura sedosa e taninos suaves, com os aromas típicos do amadurecimento em barricas de carvalho. Uma elegância digna do visual ostentado na garrafa.

*Celso Masson é jornalista, winemaker e head de experiências do Castelo Saint Andrews, em Gramado (RS)

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