A Sol Agora, fintech investida pela gestora canadense Brookfield, tem se destacado no setor de crédito para a instalação de usinas solares, especialmente com sua recente captação do Sol Agora FIDC 3. Em apenas 4 meses do ano, sua base de clientes saltou quase 43%, ao passar de 42 mil em dezembro de 2024, para 60 mil em abril de 2025.
Com um portfólio de clientes diversificado e um produto de crédito acessível – com recursos gerados via Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) -, a empresa tem atraído investidores, mesmo em meio a desafios econômicos como a alta taxa de juros (atualmente 14,25% ao ano) e o aumento do índice de inadimplência.
“O nosso produto de crédito não compete com a capacidade financeira dos clientes. Ele substitui uma despesa já existente, a conta de energia, o que torna a adesão mais fácil e segura”, afirmou Eduardo Solamone, diretor de Relações com Investidores da Sol Agora, ao BRAZIL ECONOMY.
A captação do Sol Agora FIDC 3 foi um novo marco para a empresa. Foram levantados R$ 800 milhões na operação que teve o Banco Genial como administrador e a gestão da Régia Capital. A operação assegurou R$ 300 milhões para investidores antigos e novos, mas a procura foi três vezes maior.
O montante foi dividido entre três chamadas de capital previamente definidas. A primeira já foi liquidada em fevereiro e a segunda deve ocorrer na próxima semana. Outros R$ 300 milhões restantes serão liquidados em julho. “ A gente entende que vai consumir os R$ 800 milhões na concessão desses financiamentos até meados de agosto e setembro deste ano”, explicou. A rentabilidade média da transação, medida pelo return on equity (ROE), foi de 29%.
Segundo ele, o próximo passo é iniciar discussões, seja para alguma captação adicional, ou aumentar esse terceiro FDIC dos R$ 800 milhões para R$ 1 bilhão, “o qual já estava no plano original”, ou eventualmente avançar para o lançamento de uma quarta rodada de captação.
O segundo FIDC da empresa foi lançado no ano passado e levantou R$ 900 milhões, tendo BR Partners, BNP Paribas e o IFC, braço financeiro do Banco Mundial, como âncoras de colocação. O ROE dessa operação foi de 21%.
Com o volume de originação de crédito crescendo, a empresa observa que, a cada mês, cerca de R$ 80 milhões a R$ 90 milhões em financiamento são concedidos. São pedidos cerca de R$ 1 bilhão mensais. A expectativa é que neste ano sejam concedidos R$ 1,2 bilhão em financiamentos, levando a um total de R$ 2,4 bilhões distribuídos nos três anos de operação da fintech.
A tese do power point da Brookfield
Criada em 2021, a Sol Agora nasceu dentro da gestora Brookfield, que decidiu construir, do zero, uma tese de impacto voltada ao financiamento de usinas solares para pessoas físicas e pequenos e médios empreendedores. Ao contrário de outras startups centradas na figura de um fundador, a Sol Agora surgiu a partir de uma estratégia corporativa desenhada em planilhas, apresentações e, principalmente, convicções. “Era só um PowerPoint. A Brookfield queria testar se, com as pessoas certas, era possível transformar uma tese em realidade”, lembrou Solamone.
Com uma capilaridade nacional, a empresa atende todas as regiões do Brasil, com uma maior concentração de clientes no Norte e Nordeste, que representam 45% da base, e 55% no Centro-Oeste, Sul e Sudeste.
“Nossa presença nacional nos permite entender os diferentes comportamentos do consumidor em diversas regiões. A gestão eficiente dessa base de clientes nos dá uma vantagem competitiva, além de nos permitir estruturar um portfólio de crédito robusto”, disse.
Para o executivo, o próprio mercado brasileiro, com apenas quatro players atuantes – Sol Agora, Solfácil, Santander e BTG Pactual – permite pensar alto. “Cerca de 70 milhões de residências no Brasil, em tese, estão aptas a receberem uma instalação de uma usina solar. Desse universo, só 3% das casas possuem instalações de usina solar no Brasil. Há muito espaço para crescimento”, concluiu o diretor de RI da Sol Agora.