Aumentou a probabilidade para o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual, informa o Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS). De uma semana para outra, o indicador, que utiliza dados de Inteligência Artificial, passou de uma probabilidade de 62,8% para 63,2%. Se confirmado, a taxa subirá dos atuais 14,25% para 14,75% ao ano.
A leitura do IEPS leva em conta o crescimento no número de contratos em aberto no mercado de opções de Copom, que passou de 54.537 para 55.341. “Esses dados refletem o desafio imposto pela inflação persistente. Apesar da desaceleração em março, o IPCA subiu 0,56% no mês e acumula alta de 5,48% em 12 meses, acima do teto da meta, o que limita o espaço para cortes na taxa básica”, explica o head do departamento de análises quantitativas e sócio da Equus Capital, Felipe Uchida.
Segundo ele, além do cenário doméstico, as tensões globais também pesam. A escalada da guerra tarifária entre China e Estados Unidos elevou a aversão ao risco nos mercados internacionais e ampliou a incerteza sobre o crescimento global, o que reforça a postura mais cautelosa do Banco Central.
Semanalmente, o Banco Central (BC) divulga o Boletim Focus, com a mediana das previsões de 120 instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos, utilizando a mediana dessas estimativas. Uchida explica que, no caso da Selic, essa metodologia dificulta determinar a probabilidade exata atribuída pelo mercado para cada previsão. Já o IEPS permite estimar melhor essa chance.
O que mostra o Boletim Focus desta semana para a Selic?
O Focus, com a mediana de 139 respostas, aponta para o aumento de 0,5 ponto percentual na próxima reunião, que acontece em maio. Em junho, haveria mais uma elevação de 0,25 ponto, para 15%, encerrando os ajustes neste ano.
Separadamente, há, no entanto, visões divergentes sobre o nível dos juros ao fim de 2025. O Santander, por exemplo, revisou sua projeção e agora espera que a Selic termine em 14,75% em dezembro— ante estimativa anterior de 15,25%, divulgada em março.
Para o economista e professor da PUC-SP, Antônio Corrêa de Lacerda, o momento exige prudência. “A melhor coisa que o Banco Central pode fazer agora é esperar para ver o que vai acontecer, para não tomar decisões precipitadas”, afirmou.
A XP Investimentos projeta que os juros fecharão o ano em 15,50%, mas pondera que esse cenário pode mudar. “Se a economia desacelerar mais do que o esperado, o Copom pode optar por interromper o ciclo de alta um pouco antes”, afirmam os analistas.
O Itaú BBA está no meio do caminho. Os analistas do banco projetam uma Selic de 15,25% ao fim de 2025, considerando duas altas consecutivas de 0,50 ponto percentual nas reuniões de maio e junho.