O momento é bom, mas os pés continuam fincados no chão neste ano. É assim que o CEO do Madero, Junior Durski, projeta 2025, após um “2024 espetacular, com um bom começo e um final ainda melhor”, e um primeiro trimestre deste ano “em posição privilegiada”, com receita líquida de R$ 517,1 milhões, 15,1% superior ao mesmo período do ano anterior, e lucro de R$ 53,2 milhões. Com esses resultados, o Grupo Madero pagou dividendos aos acionistas pela primeira vez em sua história, no valor de R$ 211,1 milhões. “É ainda um ano de cautela. Devagar vamos retomar a expansão, principalmente nos últimos meses do ano e a partir de 2026, quando estaremos com uma capacidade maior”, disse Durski ao BRAZIL ECONOMY.
Com o desempenho de janeiro a março, o Grupo Madero registrou nos últimos 12 meses um faturamento de R$ 2,1 bilhões. O Ebitda ajustado alcançou R$ 662,7 milhões nesse período, o maior já obtido pela companhia.
Uma recuperação importante diante de um prejuízo de R$ 333,1 milhões acumulado entre 2021 e 2023. A dívida, que estava em 3,55 vezes o Ebitda, agora é de 1,19 vez, totalizando R$ 774,5 milhões. “Com esse nível de endividamento e essa geração de resultado, a dívida não é um problema para a companhia”, garantiu Ariel Leonardo Szwarc, vice-presidente financeiro.
Ressalte-se, porém, duas captações realizadas pela companhia neste trimestre, totalizando R$ 200 milhões. Em fevereiro, foram emitidos uma Nota Comercial (NC) de R$ 70 milhões e uma debênture de R$ 130 milhões. Ambas as operações contam com remuneração atrelada ao CDI acrescido de 2,70% ao ano, com prazo de seis anos e 24 meses de carência para amortizações.
RITMO MODERADO
Apesar de o CEO projetar um ano cauteloso, há perspectivas de avanço no tamanho da operação. No primeiro trimestre, foram inaugurados dois restaurantes: um Madero Steak House no Shopping Tietê, em São Paulo, e um Híbrido Madero & Jeronimo, em Curitiba. “A expectativa é abrir entre 15 e 20 lojas neste ano”, disse Durski.
Isso não é considerado expansão? É, mas moderada, em comparação aos anos pré-pandêmicos, quando o ritmo de inaugurações chegava a 50 unidades por ano.
Paralelamente ao projeto de crescimento, há outro movimento importante: a reforma e transformação dos restaurantes existentes. No primeiro trimestre de 2025, nove unidades foram convertidas para o formato híbrido. Com a mudança, houve um incremento de 35,9% nas vendas desses locais. Por isso, o grupo pretende continuar o programa de conversões.
Atualmente, a rede é composta por 277 restaurantes, sendo: 99 Madero Steak House, 88 Madero Container, 75 Jeronimo, nove híbridos (Madero & Jeronimo) e um Ecoparada (com seis operações no total).
AUMENTO DA CARNE
Um dos fatores que pressionaram o aumento dos custos do Grupo Madero foi o preço da carne, que subiu 21,17% no período de 12 meses até janeiro de 2025, bem acima da inflação geral (4,56%), segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
O “gerenciamento” dessa situação tem sido feito de duas formas pelo Madero: parte do aumento é repassada aos preços dos produtos nos restaurantes, e outra parte é contornada com negociações junto a fornecedores brasileiros ou busca de alternativas em mercados como Uruguai.
“Negociamos com nossos fornecedores porque o nosso volume de compra está cada vez maior”, disse Durski. “Também investimos na modernização de equipamentos, como um desnervador de última geração. Como fabricamos nosso próprio hambúrguer, garantimos o melhor produto”, complementou o CEO.
A negociação também tem sido estratégia para abertura de novas lojas, principalmente com shoppings. Para uma loja de R$ 5 milhões, por exemplo, os centros de compras interessados em ter um Madero investem R$ 3,5 milhões, enquanto o grupo entra com R$ 1,5 milhão restante.
“Temos maior poder de negociação, pois geramos valor também aos shoppings, com movimento de pessoas que utilizam estacionamento e fazem outras compras, por exemplo”, afirmou o executivo.
Com um Capex mais baixo, os recursos que antigamente seriam suficientes para abrir 10 restaurantes, hoje possibilitam a abertura de 30 unidades.
Os pés continuam no chão, mas as passadas tendem a ser mais largas para o Madero nos próximos períodos.