Gigante americana, Cisco se reinventa e cresce dois dígitos ao ano no Brasil

Operação brasileira tem se destacado com desempenho acima da média de mercados de países mais desenvolvidos, e ajuda a corporação a melhorar sua performance. Em 2024, a receita global foi de US$ 53,8 bilhões

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Imagens: Divulgação

Ricardo Mucci, presidente da Cisco no Brasil, apresentou case local para o alto escalão global da companhia e para o mercado

Ricardo Mucci, presidente da Cisco no Brasil, apresentou case local para o alto escalão global da companhia e para o mercado

Em uma das apresentações trimestrais da Cisco, no ano passado, o principal pitch apresentado foi de Ricardo Mucci, presidente da companhia no Brasil. O mundo estava de olho no report. Internamente, o CEO global da empresa, Chuck Robbins, e o CFO, Scott Herren, eram dois dos mais vidrados na explanação de meia hora de Mucci, que estava sendo acompanhada ao vivo por mais de 88 mil pessoas pela internet. O brasileiro contou sobre o case de sucesso de um grande banco nacional em que as soluções da Cisco fazem toda a gestão de cartão de crédito, risco de crédito, combate a fraudes e outros serviços. A plataforma apresentada foi orquestrada a partir da sinergia com as ferramentas da Splunk, empresa californiana de software (visualização e análise de dados) adquirida pela Cisco em 2024 por US$ 28 bilhões. A operação brasileira foi uma das primeiras a estabelecer resultados significativos com a colaboração entre as duas companhias, o que mostra a dinâmica e a capacidade do Brasil na aplicação de novas tecnologias da Cisco.

“Esse é um dos casos de referência que fazemos no Brasil. Temos uma unicidade muito relevante de soluções que conseguimos replicar mundo afora”, disse Mucci ao Brazil Economy.

Para o executivo, que em junho completa quatro anos no comando da Cisco no país, o mercado brasileiro é um world adapter (adaptador mundial) de tecnologias e, em algumas indústrias, como o setor financeiro, “está a anos-luz à frente de outros países, inclusive os Estados Unidos”.

Essa característica faz com que as inovações da Cisco no Brasil sejam mais evoluídas e se destaquem em âmbito global. “Um banco é quase, praticamente, uma empresa de tecnologia que também oferece crédito”, analisou.

Com esse banco e centenas de outros clientes nacionais, a Cisco tem crescido dois dígitos no Brasil, acima da média de mercados de países mais desenvolvidos, e ajuda a corporação a melhorar seu desempenho geral. O ano fiscal de 2024, encerrado em setembro, fechou com uma receita de US$ 53,8 bilhões, 6% abaixo do ano anterior. A projeção de receita para este ano está entre US$ 56 bilhões e US$ 56,5 bilhões.

Com o Brasil entre os 10 principais mercados da Cisco, e o crescimento acima dos 10% por aqui, mais uma vez as vendas verde-amarelas serão um diferencial importante para o resultado da empresa.

“A Cisco Brasil cresce ano após ano. Mais do que a média global, até porque nós somos um país emergente. Então, temos que ter maior ritmo de crescimento do que os outros”, disse Mucci, ao destacar que, na linha de negócios de software, cerca de 90% da receita vem de subscrições, ou seja, receitas recorrentes de contratos renovados. “É um negócio longevo.”

ESPORTES E ENTRETENIMENTO

Além da linha de soluções para o segmento financeiro, há outras vertentes exploradas pela Cisco no país, como a Sports, Media and Entertainment Solutions, na qual a companhia é referência nos Estados Unidos, sendo a provedora de tecnologia em todos os estádios da NFL (liga de futebol americano).

As ferramentas da Cisco vão desde segurança cibernética até switches para networking, com uma combinação de hardware on-premises e software baseado na nuvem, como Cisco Umbrella, Cisco XDR, Cisco Firepower e Cisco Secure Malware Analytics. Há ainda serviços de CX (Customer Experience) de classe mundial para monitoramento e resolução de problemas em tempo real.

No Brasil, a Cisco já é responsável pela conectividade e cibersegurança da Arena MRV, do Atlético-MG
No Brasil, a Cisco já é responsável pela conectividade e cibersegurança da Arena MRV, do Atlético-MG

As soluções também estão inclusas no pacote de jogos internacionais da NFL, que terá em 2025 uma partida em São Paulo, na Neo Química Arena, estádio do Corinthians. No Brasil, a Cisco já é responsável pela conectividade e cibersegurança da Arena MRV, do Atlético-MG. “É o primeiro estádio Wi-Fi 6 do país”, afirmou Mucci.

A empresa atende com internet sem fio de alta conectividade mais de 50 mil usuários simultaneamente durante os dias de evento, por meio de 800 pontos de acesso Cisco. Além disso, oferece uma plataforma baseada na nuvem e unificada para habilitar vários dispositivos e aplicações (Cisco Spaces), que ajuda a resolver os pontos cegos do espaço físico. Com os estádios do Brasil sendo utilizados cada vez mais para futebol e shows musicais, a Cisco olha para esse negócio com entusiasmo — e já negocia contratos no mesmo modelo com outras arenas.

Atualmente, a Cisco já trabalha globalmente com o Wi-Fi 7. Esse novo wireless é nativo em Inteligência Artificial, construído para conexões resilientes e seguras. O Wi-Fi 7 possibilita upgrades de desempenho — seja um varejista que transforma a experiência de compra, uma fábrica que otimiza as operações com rastreamento preciso de ativos ou um hospital que aprimora o atendimento ao paciente. Segundo a Cisco, essa tecnologia está no centro de tudo o que mistura o comportamento humano com sensores, câmeras ou telas.

LANÇAMENTOS GLOBAIS

Além disso, outros lançamentos globais da Cisco começam a rodar no mercado brasileiro a partir de agora. É o caso da criação conjunta com a Nvidia, gigante dos chips, de uma arquitetura unificada entre portfólios para simplificar a construção de redes de data center prontas para IA.

A Cisco entra com o processador Silicon One, e a Nvidia, com os conectores de rede SuperNICs. Juntos, fazem parte da plataforma Ethernet NVIDIA Spectrum-X, que facilita o gerenciamento de várias redes corporativas e de provedores de nuvem com IA.

A Cisco ainda visa ampliar a receita com atuais e novos clientes a partir de sua solução IA Defense, construída para que as empresas possam desenvolver, implantar e proteger aplicações de IA com confiança. É mais uma camada de segurança contra o uso indevido de ferramentas de IA, vazamento de dados e ameaças cada vez mais sofisticadas de hackers.

Parceria da Cisco com o Senac Amazonas foi ampliada para a criação da 1ª Academia Fluvial do Cisco Networking Academy, na Balsa-Escola da entidade
Parceria da Cisco com o Senac Amazonas foi ampliada para a criação da 1ª Academia Fluvial do Cisco Networking Academy, na Balsa-Escola da entidade

PROJETOS ESTRUTURANTES

Pelo desempenho dos negócios no Brasil e a consequente representatividade do mercado brasileiro para a Cisco global, a matriz da companhia aporta investimentos diretos em projetos considerados estruturantes. “O Brasil é um dos 34 países do mundo que recebem esses investimentos para ações de extrema transformação”, afirmou o presidente.

Um deles é a parceria com o Senac Amazonas, que foi ampliada no ano passado para a criação da 1ª Academia Fluvial do Cisco Networking Academy, na Balsa-Escola da entidade amazonense. O projeto leva conectividade digital e desenvolvimento de habilidades, por meio de qualificações em tecnologia, às pessoas que vivem no estado.

A Balsa-Escola foi remodelada e recebeu uma rede corporativa de Wi-Fi da Cisco Meraki e câmeras com analíticos, infraestrutura de switching e firewall para atender alunos e profissionais do Senac. Assim, oferece uma rede confiável e de alta velocidade aos municípios ribeirinhos da região amazônica. Inclusive, ao redor da balsa, a população pode usar a internet sem fio gratuitamente em um raio de até 30 metros da embarcação.

“Temos uma parceria com o Senac local de mais de 20 anos”, contou Mucci. Desde o início dos anos 2000, aproximadamente 100 mil alunos do Senac foram impactados pelos cursos da Cisco em habilidades digitais, redes, programação e cibersegurança.

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