Em um ano marcado por juros altos e inflação persistente, os fundos imobiliários (FIIs) do segmento de papéis estão dando um show de distribuição. Um levantamento exclusivo da Trix, feito a pedido da BRAZIL ECONOMY, mostra que seis dos dez FIIs que mais pagaram dividendos até 14 de abril pertencem a essa categoria — e quem lidera a lista é o RZAK11, da gestora Riza.
Com R$ 5,42 distribuídos por cota no acumulado do ano, o RZAK11 não só ostenta a primeira colocação no ranking, como também exibe um dividend yield impressionante de 16,66% nos últimos 12 meses, segundo dados do Status Invest. A performance recente também chama atenção: na última distribuição, feita em 25 de março, o fundo pagou R$ 1,30 por cota. No ano, a valorização também é consistente — as cotas saltaram de R$ 76,99 para R$ 82,93.
Com um patrimônio líquido de R$ 764,8 milhões e 80,13% da carteira alocada em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), o fundo possui 45.193 cotistas e surpreendeu o mercado logo no início do ano, ao pagar dividendos extraordinários de R$ 1,77 por cota após vender sua posição no CRI Martins Ribeiro, avaliada em R$ 38 milhões.
Na vice-liderança está o HGBS11, fundo de shoppings da Hedge Investments. Em 2025, já distribuiu R$ 4,80 por cota, o que corresponde a um dividend yield de 10,23%. No último pagamento, em 14 de abril, os cotistas receberam R$ 1,60 por cota, e as cotas do fundo valorizaram cerca de 3,5% no ano, passando de R$ 186,08 para R$ 192,50. Com mais de 126 mil investidores e patrimônio de R$ 2,78 bilhões, o HGBS11 é um dos gigantes do setor.
O pódio é completado por outro fundo da Riza: o RZAT11. Com perfil híbrido, ele já distribuiu R$ 4,20 por cota em 2025 e acumula um dividend yield de 14,15% em 12 meses. Com 36.105 cotistas e patrimônio líquido de R$ 426,5 milhões, o fundo reforça a presença da gestora no topo do mercado.
Veja o ranking abaixo:
Código | R$/Cota | Segmento |
RZAK11 | 5,42 | Papéis |
HGBS11 | 4,80 | Shoppings |
RZAT11 | 4,20 | Híbrido |
CVBI11 | 4,20 | Papéis |
RECR11 | 4,16 | Papéis |
RBRY11 | 4,12 | Papéis |
CLIN11 | 4,11 | Fundo de fundos |
CACR11 | 3,94 | Papéis |
AFHI11 | 3,89 | Papéis |
KORE11 | 3,75 | Lajes Corporativas |
Fonte: Trix
O segredo por trás do bom momento dos fundos de papel
O cenário macroeconômico tem sido um forte aliado dos FIIs de papel. Em um ambiente de juros ainda elevados — com a Selic em 14,25% ao ano — e inflação acima da meta (o IPCA acumula alta de 5,48% em 12 meses), fundos atrelados ao CDI e à inflação se destacam pela capacidade de gerar retorno real atrativo.
“Como os fundos têm uma composição híbrida entre inflação e CDI, os papéis estão desempenhando melhor”, analisa Marcos Baroni, head de fundos imobiliários da Suno Research, em entrevista ao BRAZIL ECONOMY.
Baroni também destaca uma transformação silenciosa nas estratégias das gestoras. “Historicamente, os fundos de papel eram mais atrelados ao IPCA, os chamados ‘IPCA+’. Mas com a valorização do CDI, os gestores passaram a alocar mais ativos atrelados a esse indicador. Não é uma mudança drástica, mas significativa para quem acompanha de perto”, observa.
O RZAK11, por exemplo, tem como taxa de performance 15% sobre o que exceder CDI+0,0% ao ano. De acordo com dados da B3, a taxa DI estava em 14,15% em 15 de abril — cenário que segue favorável para retornos robustos.
“O CDI está alto há quatro anos e deve continuar assim. Um fundo com CDI+2%, por exemplo, num ambiente de juros de dois dígitos, entrega facilmente mais de 1% ao mês, o que é muito atrativo”, acrescenta Baroni.
As projeções do Boletim Focus reforçam essa perspectiva: a Selic deve encerrar 2025 ainda em 15%, cair para 12,5% em 2026 e se estabilizar em torno de 10% até 2028.
Hora de olhar para os papéis?
Com uma combinação de alta previsibilidade, boa distribuição e um cenário macroeconômico ainda favorável, os FIIs de papel seguem no radar dos investidores que buscam renda passiva com regularidade. E, ao que tudo indica, esse protagonismo está longe de acabar.
“O momento dos FIIs de papéis é interessante”, conclui Baroni. E os números, de fato, não deixam dúvidas.