Robô fala com robô: “Entramos na Era dos agentes de IA”, diz head de Inovação do Bradesco

Para onde está apontado o radar do Bradesco na busca por ferramentas tecnológicas mais avançadas? No Inovabra estão algumas das respostas

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Imagens: Divulgação

Renata Petrovic, head de Inovação do Bradesco: preparação para o presente e o futuro

Renata Petrovic, head de Inovação do Bradesco: preparação para o presente e o futuro

A comunicação entre pessoas existe desde que o mundo é mundo. Conversas entre pessoas e robôs têm se intensificado nas últimas duas décadas. Já a interlocução entre robôs, inclusive com pedidos de um para o outro para que executem tarefas, é uma situação mais recente apresentada pela tecnologia. “Entramos na Era dos agentes de Inteligência Artificial”, disse Renata Petrovic, head de Inovação do Bradesco, ao recepcionar a reportagem do BRAZIL ECONOMY na sede do Inovabra, um prédio de 10 andares na Rua da Consolação, nas proximidades da Avenida Paulista, em São Paulo.

É dali que saem as inovações de vanguarda de produtos e serviços financeiros – ou não – para serem incorporados no banco e em seus parceiros comerciais. Na estrutura, 230 startups ativas e 75 corporações atuam para criar, testar ou aperfeiçoar ferramentas.

Um ecossistema conectado, em um ambiente de coinovação, com laboratório colaborativo e parceiros de pesquisa, que abrange 1.500 startups plugadas por meio de hubs, gerando atualmente 55 experimentações e 12 reportes de inteligência.

“São startups que já têm soluções começando a tracionar e que querem crescer, ganhar clientes, ganhar mercado. E as corporates estão aqui para o matchmaking (conexão para parcerias ou potenciais investimentos)”, destacou Renata.

A missão do Inovabra não é das mais simples: dar celeridade e dinamismo na adoção de novas tecnologias por um dos ‘bancões’ mais tradicionais do País, com 82 anos de história, 84 mil funcionários, 73,2 milhões de clientes, margem financeira de R$ 63,7 bilhões em transações em 2024 e lucro de R$ 19,6 bilhões. É dar a agilidade de um jet ski a um navio de cruzeiro, como dizem alguns atores do mercado financeiro.

Tem conseguido. Com toda essa estrutura, 99% das transações do Bradesco são realizadas pelos canais digitais. E o banco tem se preparado para mais. É aí que entram os agentes (robôs).

Na estrutura do Inovabra, 230 startups ativas e 75 corporações atuam para criar, testar ou aperfeiçoar ferramentas
Na estrutura do Inovabra, 230 startups ativas e 75 corporações atuam para criar, testar ou aperfeiçoar ferramentas

O Bradesco é um dos pioneiros globais na utilização de multiagentes com IA generativa para modernização de aplicações e geração de modelos. “Em termos de aplicação de IA em escala, somos uma das empresas mais avançadas. Temos feito bom uso desde que lançamos a Bia (assistente virtual do banco, criada em 2016)”, afirmou a executiva.

Pelo Inovabra, foram criados agentes que funcionam como desenvolvedores de software. A partir de um job description, é concedido a eles acesso a sistemas e informações para realizarem determinadas atividades. Com características específicas, cada agente se torna uma ‘persona’. E eles podem conversar entre si, um dando ordens ao outro – ou aos outros.

“E um agente orquestrador cuida de todos”, afirmou Renata. Sempre com supervisão humana, claro. Esse conceito está sendo testado na migração de aplicações do legado para a nuvem da instituição.

A evolução disso, em um futuro que pode estar próximo, é os agentes auxiliarem os clientes do banco na tomada de decisões para investimentos e outros serviços. “Uma economia A2A, de agente para agente, já está sendo construída”, disse a executiva.

Levando o modelo para o cotidiano das pessoas fora do ambiente bancário, os agentes poderiam marcar um voo, reservar um restaurante ou, por exemplo, um IoT da geladeira já encomendar um alimento em falta junto a um supermercado, com cartão de crédito conectado para o pagamento e o endereço de entrega cadastrado. O humano já não participaria desse fluxo. Maluquice? Talvez hoje. Mas no futuro…

“Nós, como instituição financeira, temos de garantir que estamos prontos para quando esse momento chegar”, ressaltou a head de inovação, ao destacar que no Inovabra são monitoradas 10 tecnologias emergentes. Entre elas: IA generativa, obviamente, cibersegurança (preponderante no setor financeiro), computação imersiva, dados sintéticos, computação quântica, entre outras.

EVOLUÇÃO DA BIA

O que já é realidade no quesito agentes é a evolução da Bia, a assistente virtual do Bradesco. Na versão corporativa interna, a Bia Tech (a assistente com GenAI), para uso dos funcionários, já consegue ajudar a escrever códigos, revisar, testar – tudo em linguagem natural, transformando uma longa sequência de números e letras embaralhados em uma ação sugerida em português.

Sede do Inovabra: prédio de 10 andares na Rua da Consolação, nas proximidades da Avenida Paulista, em São Paulo
Sede do Inovabra: prédio de 10 andares na Rua da Consolação, nas proximidades da Avenida Paulista, em São Paulo

“Faz as devolutivas de código como se fosse um copiloto do desenvolvedor de software. Tem trazido muita produtividade”, revelou Renata, ao frisar que cada área do banco, com compliance e forte governança, tem trabalhado para elaborar seus próprios agentes dentro da plataforma parametrizável.

A partir da Bia Tech, houve um ganho de 46% de eficiência na escrita dos stories. É utilizada por 40 mil funcionários do Bradesco e 500 mil clientes, que geraram 2,3 bilhões de interações.

“Ajuda tanto a responder dúvidas ou acessar normativas do banco quanto a responder perguntas de clientes”, salientou Renata. “A Bia assumiu várias features de funcionalidades ao longo dos anos. Consegue fazer pequenas transações, recomendar produtos e resolver questões com um índice de cerca de 90% de resolutividade.”

Com relação às experimentações em execução no Inovabra, está em curso um case com a Casas Bahia para pagamentos por reconhecimento facial. O modelo está sendo testado em algumas lojas. Será feito um relatório de usabilidade e eficiência para, posteriormente, ser implementado em escala nas unidades da rede varejista.

EVENTOS E TREINAMENTOS

Outra frente do Inovabra são os eventos – tanto para a comunidade do centro de inovação quanto abertos ao público. “A ideia é sempre compartilhar conhecimento e debater sobre as tendências tecnológicas”, frisou Renata Petrovic.

Há inclusive simulações do uso de soluções, seja para alunos do ensino médio de escolas convidadas – inclusive da Fundação Bradesco – até executivos de empresas parceiras e startups. “Temos uma vasta programação com eventos praticamente todos os dias”, afirmou a head. “A intenção é gerar consumo de informação, em um ambiente com muita cultura, muita troca e também de aproximação com startups.” Já foram mais de 6.500 participantes nos conteúdos promovidos.

Quem também consome o conhecimento fornecido pelo Inovabra são os próprios executivos do banco. “Fazemos webinars, treinamentos para dar letramento em tecnologia, ampliar o repertório dos profissionais para apreciarem o novo, questionarem as áreas de negócio em que atuam, e pensarem como podem melhorar aquilo que já fazem”, salientou a executiva.

Assim, o Inovabra promove inovação para dentro e para fora do banco.

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