A divulgação, pela Sabesp, de um acordo com a Prefeitura de São Paulo para a quitação de precatórios bilionários animou o mercado em uma semana marcada por forte volatilidade. As ações da empresa (SBSP3) subiram 1,92% nesta quinta-feira (10), fechando a R$ 105. Analistas do Santander reiteraram a ação como Top Pick — ou melhor escolha — da América Latina, embora com algumas ressalvas.
Na quarta-feira (9), a Sabesp publicou fato relevante informando que concluiu o segundo e último acordo com a Prefeitura de São Paulo para quitar precatórios no valor de R$ 2,48 bilhões. Desse montante, a companhia de saneamento deverá receber cerca de R$ 1,48 bilhão em um prazo de seis meses.
Os analistas do Santander classificaram a transação como “mais uma vitória” da companhia. Já os especialistas do Safra destacaram a operação como parte do “bom desenvolvimento da recuperação em andamento” da Sabesp e reiteraram a visão positiva sobre a tese de investimento.
“O valor a ser recebido é significativo — 2,1% do valor de mercado da empresa em uma única ação judicial — e deve reforçar o caixa da companhia. Se forem pagos 25% do ganho como dividendos, estimamos um rendimento adicional de 0,5 ponto percentual, resultando em um dividend yield total de 1,9% para 2025. Além disso, a Sabesp teria R$ 1,1 bilhão em caixa extra, o que reduziria a alavancagem em 0,09x e, consequentemente, a relação dívida líquida/Ebitda para 2,1x”, analisam os especialistas do Safra, em relatório divulgado nesta quinta-feira.
Por outro lado, o mesmo documento alerta que o recebimento pode estar sujeito à tributação, o que afetaria a alavancagem da empresa. “Assumindo uma alíquota de 34%, o dividend yield adicional cairia para 0,4%, e o reforço de caixa seria de R$ 733 milhões, implicando em uma redução da alavancagem de 0,06x.”
Os analistas do Santander destacam ainda que, além da possibilidade de impostos, o valor final do acordo ainda pode sofrer alterações, e a empresa não divulgou detalhes sobre o impacto fiscal estimado, o que limita a visibilidade sobre a geração de valor presente líquido (VPL).
“O acordo implica em uma geração de VPL de R$ 1,48 bilhão, assumindo ausência de tributação (2,1% do valor de mercado). Porém, com uma alíquota de 34%, esse valor cai para R$ 977 milhões (1,4% do valor de mercado)”, explicam. “Atualmente, vemos a Sabesp sendo negociada com uma TIR real de 11,84%. Com o acordo, a TIR real sobe para 12,10% sem impostos e 12,01% com impostos”, acrescentam os analistas.