Petróleo e ações em queda: papéis da Petrobras ainda valem a aposta?

O valor da estatal na bolsa já desabou 16% em abril, mas os fundamentos seguem sólidos e o analista do BB-Bi explica a continuidade da recomendação de compra

Fernanda Bompan
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Imagens: Divulgação/Petrobras

Enquanto as ações PETR4 recuaram 6,22%, papéis da PRIO (PRIO3) caíram 8,13%

Enquanto as ações PETR4 recuaram 6,22%, papéis da PRIO (PRIO3) caíram 8,13%

As ações da Petrobras (PETR4) despencaram 16% desde o dia 2 de abril, quando foram anunciadas as novas medidas tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ontem (10/04), os papéis da estatal fecharam a R$ 31,23, impactados pela queda do petróleo no mercado internacional. Mesmo diante desse cenário, Daniel Cobucci, analista de investimentos do BB-BI, reitera a recomendação de compra.

“A Petrobras é mais resiliente em cenários de volatilidade. Um dos motivos é que ela tem campos muito produtivos com um custo de extração muito baixo. Esse é o centro da tese”, aponta o especialista.

O custo de extração representa o valor operacional médio para retirar cada unidade de um recurso natural, como petróleo ou minério. Quanto menor esse valor, maior a eficiência produtiva — o que gera mais lucro e abre espaço para maior distribuição de dividendos. Cobucci explica que, enquanto as operadoras independentes do Brasil têm custo médio de US$ 12 por barril, a Petrobras opera no pré-sal por cerca de US$ 6.

Além disso, a estatal informa que o custo médio de breakeven — ponto de equilíbrio — é de US$ 28 por barril. Em outras palavras, a esse preço, a Petrobras cobre 100% dos custos e despesas operacionais. “Isso significa que se o petróleo for para perto de US$ 40 ou US$ 50, a Petrobras joga melhor neste cenário, por ter um custo de extração mais baixo”, afirma o analista do BB-BI.

Nesta quinta-feira (10/04), o petróleo Brent — referência global de preços — operou em queda e, por volta das 17h30, era cotado a US$ 63,51.

Cobucci ressalta que preços abaixo de US$ 70 já acendem um sinal de alerta e, abaixo de US$ 60, a tendência é de pressão sobre o setor. Mas, isso é um movimento de curto prazo e com menos impacto para a Petrobras.

De fato, enquanto as ações PETR4 recuaram 6,22% ontem, os papéis da PRIO (PRIO3) caíram 8,13%, da Brava Energia (BRAV3), -6,82% e da PetroRecôncavo (RECV3), -6,30%. O Ibovespa fechou com retração de 1,13%, aos 126.354 pontos.

“A resiliência da Petrobras é entendida como um player que tem um custo mais baixo e que deve seguir gerando caixa, a não ser que o petróleo passe a valer menos de US$ 40. Mas não é o cenário-base”, resume o analista do BB-BI.

Em evento promovido ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV), Sylvia Anjos, diretora de Exploração e Produção da Petrobras, destacou que os projetos da companhia são sustentáveis mesmo com o Brent a US$ 28. Segundo dados apresentados, 65% do Capex da empresa (recursos investidos em ativos de longo prazo) é resiliente com o barril a US$ 35, e 98% com o barril a US$ 45.

Em relação à pressão do governo por baixar os preços dos combustíveis diante desse cenário de baixa da cotação internacional, Cobucci comenta que “toda empresa tem um jogo de forças entre seus stakeholders”.

“O controlador tem o papel de indicar, mas ele não interfere no dia a dia dos negócios. Este tipo de ruído para gente não interessa, o que interessa são os dados”, esclarece o especialista.

Em relatório recente, analistas do Santander destacam que a Petrobras segue com uma política pragmática de preços, e não há sinalizações de que pressões políticas impactarão decisões sobre reajustes nos combustíveis.

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