A inteligência por trás de R$ 2 bilhões: como a fintech Appia transforma dado em decisão

Com uma tecnologia própria de inteligência artificial e foco em dores crônicas do mercado, a Appia mira uma economia bilionária para empresas nos próximos três anos

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Imagens: Divulgação

Breno Lessa, fundador e CEO da Appia, diz que as empresas precisam entender o valor da tecnologia

Breno Lessa, fundador e CEO da Appia, diz que as empresas precisam entender o valor da tecnologia

Imagine uma empresa capaz de prever, com 95% de assertividade, o melhor momento para comprar matéria-prima — mesmo em um mercado sujeito a crises globais, volatilidade cambial, guerras e choques logísticos. Agora imagine que essa mesma empresa, ao adaptar soluções de inteligência artificial sob medida para cada cliente, projeta gerar cerca de R$ 2 bilhões em economia para sua base nos próximos três anos. Essa é a proposta da mineira Appia (junção de App com IA), uma fintech que está colocando a inteligência de dados no centro da estratégia de grandes empresas brasileiras.

“Nosso foco é resolver problemas crônicos dos nossos clientes. A gente constrói tecnologia sob medida, com base em dores reais, não em ideias genéricas”, afirma Bruno Martins, chief revenue officer (CRO) da empresa. Entre os principais setores atendidos estão os de alimentos e bebidas — indústrias que lidam diariamente com oscilação nos preços de commodities e precisam garantir previsibilidade para proteger suas margens.

A proposta da Appia não é apenas fornecer dados ou dashboards. A empresa entrega previsões automatizadas sobre pontos ideais de compra, com base em modelos próprios de IA, hospedados na nuvem da Microsoft. Os algoritmos são desenvolvidos em Belo Horizonte e encapsulados em uma solução oferecida como serviço — ou seja, o cliente paga mensalmente e recebe, de forma contínua, atualizações, manutenção e suporte.

Bruno Martins, chief revenue officer (CRO) da empresa, diz que o foco é resolver problemas crônicos, com tecnologia sob medida
Bruno Martins, CRO da empresa, diz que o foco é resolver problemas crônicos, com tecnologia sob medida

Mais de 90% dos clientes estão hoje rodando essa inteligência no Azure, e a lista de empresas atendidas inclui nomes de peso como ArcelorMittal, Vilma Alimentos e o BH Airport (embora, por questões contratuais, alguns nomes não possam ser divulgados publicamente).

O impacto é real: ao longo dos últimos dois anos, a Appia já comprovou economias significativas em contratos com empresas que compram em grande volume. “Se projetarmos esse desempenho para uma base de 18 clientes ao longo de três anos, estamos falando de até R$ 2 bilhões em economia”, acrescentou Breno Lessa, fundador e CEO da Appia.

IA com precisão cirúrgica

A tecnologia desenvolvida pela Appia projeta não apenas a tendência dos preços, mas também cria faixas de confiança para tomada de decisão. “Projetamos com 95% de confiabilidade, mesmo em cenários instáveis. Quando há eventos inesperados, como uma guerra, a IA pode não prever o início, mas consegue recalibrar suas projeções em poucos dias, com mais precisão do que qualquer analista”, afirmou Martins.

A diferença está na capacidade da máquina de analisar múltiplas variáveis, reconhecer padrões e simular cenários complexos em segundos — algo que, manualmente, seria inviável. Para empresas que compram toneladas de trigo, soja ou aço todos os meses, isso significa milhões de reais poupados com decisões mais inteligentes.

Embora já tenha conquistado grandes contratos, a Appia ainda enfrenta o desafio da visibilidade. “Muitas empresas ainda não nos conhecem. Por isso, nosso primeiro passo é mostrar o que fazemos, de forma clara, sem pulverizar demais as mensagens. Queremos que entendam o valor da tecnologia”, garantiu Lessa.

A estratégia é apresentar, aos poucos, os diferentes módulos da plataforma, começando com o de predição de compras, e depois avançando para soluções específicas por setor. Entre os segmentos com maior potencial, estão indústrias que dependem de insumos com alto grau de sazonalidade e exposição ao mercado internacional — como M. Dias Branco, J. Macêdo, Pif Paf, entre outras.

Mais do que uma startup

Apesar de atuar com o dinamismo típico de startups, a Appia prefere se apresentar como uma fintech de inteligência artificial. “Não gostamos muito da palavra ‘startup’. Somos uma empresa com foco técnico, com tecnologia proprietária e com um modelo de negócio claro: entregar valor com inteligência. Se isso soa como fintech, estamos de acordo”, disse Martins.

No fim das contas, o que define a Appia não é o rótulo, mas o resultado. E, nesse ponto, a promessa de R$ 2 bilhões em economia não deixa dúvidas: a inteligência artificial brasileira já está mudando o jogo — e com sotaque mineiro.

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