O agronegócio brasileiro, que deve ter movimentado cerca de R$ 1,3 trilhão em 2024, está dando um passo estratégico para fortalecer sua imagem. O projeto “Marca Agro do Brasil”, apoiado por entidades do setor e autoridades, busca aproximar a população urbana do campo, promovendo uma visão mais positiva e realista sobre o segmento. A iniciativa tem a Associação Brasileira de Marketing Rural e Agro (ABMRA) como mentora e se baseia na pesquisa “Percepções sobre o Agro: O que pensa o brasileiro”. O levantamento, que ouviu 4.215 pessoas em uma amostragem representativa do IBGE, revelou que sete em cada dez brasileiros têm uma visão favorável do agronegócio e estão interessados em conhecer mais sobre o setor. No entanto, 30% demonstram resistência, sendo que mais da metade desse grupo é composta por jovens de 15 a 29 anos.
Durante uma apresentação do projeto em São Paulo, o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, destacou a importância da iniciativa. “Estou encantado com o projeto. Há anos venho defendendo uma comunicação mais eficaz para o Agro, e esta é a primeira vez que vemos uma união de esforços em prol do reconhecimento do setor”, afirmou. Segundo ele, o agronegócio brasileiro tem potencial para tornar o país um líder mundial em segurança alimentar.

A “Marca Agro do Brasil” não se limita a mostrar o setor apenas como um grande produtor de alimentos, mas também busca evidenciar seu papel como motor econômico, gerador de empregos e oportunidades de negócios. Para o presidente do sistema Faesp/Senar-SP, Tirso Meirelles, a falta de informação e a ausência de uma política de Estado para o setor enfraquecem sua imagem. “Essa iniciativa é fundamental para construir uma visão mais próxima da realidade. Precisamos mostrar que o Agro é um dos grandes pilares da economia nacional”, enfatizou.
Outro desafio apontado é a necessidade de melhorar a comunicação com a população urbana. “O agro é tecnologia, sustentação econômica e mercado. Queremos aproximar a cidade do campo e mostrar que o Agro é de todos e para todos”, destacou Ricardo Nicodemos, presidente da ABMRA.
Estratégia de comunicação
Para garantir a efetividade do projeto, a “Marca Agro do Brasil” se baseia em três pilares: consistência, com informações fundamentadas em dados oficiais; frequência, com a presença contínua de mensagens sobre o setor no dia a dia da população; e sequência, para que os temas sejam abordados de maneira gradual e progressiva.
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion, ressaltou que a nova marca ajudará a combater informações distorcidas sobre o setor. “Precisamos comunicar melhor como o Agro contribui para o desenvolvimento social e econômico do país. O setor, muitas vezes, precisa se defender de narrativas equivocadas, e essa iniciativa é um caminho para mudar essa realidade”, afirmou.
Com a expectativa de um Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) na casa de R$ 1,3 trilhão, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a nova marca surge como um reforço para consolidar a credibilidade do setor. A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, ressaltou que a comunicação sempre foi um desafio para o Agro. “Por muito tempo, falamos apenas para os produtores. Agora, precisamos nos comunicar melhor com a sociedade como um todo”, afirmou.
Para ampliar o alcance do projeto, a ABMRA lançou um site com informações detalhadas sobre a iniciativa, incluindo os resultados da pesquisa “Percepções sobre o Agro” e oportunidades de patrocínio. Empresas e entidades do setor estão aderindo ao movimento, reforçando a importância de uma abordagem unificada na promoção do agronegócio brasileiro.