Empresas brasileiras de porte médio trabalham para melhorar processos produtivos, avançar em eficiência e gerar resultados, sem deixar de lado o interesse na pauta ESG (Ambiental, Social e Governança). Segundo dados da última edição do estudo International Business Report (IBR), conduzido pela Grant Thornton e que o BRAZIL ECONOMY teve acesso com exclusividade, 80% das companhias do País consultadas revelaram intenções de investimento em ações no setor. O percentual é recorde da série histórica, iniciada em 1992.
A pesquisa é capitaneada pela Grant Thornton, multinacional britânica, uma das maiores empresas de consultoria e auditoria do mundo. A Grant Thornton é uma das maiores empresas globais de auditoria, consultoria e tributos. Está presente em 149 países e conta com 73 mil colaboradores. Números que mostram a capacidade de análise da companhia, que auxilia outras empresas a atingirem seus potenciais de crescimento de forma sustentável, com melhor proposta de valor para o negócio.
Foram entrevistados 4.000 empresários de 31 países. O recorte dos executivos brasileiros aponta para um crescimento de 2 pontos percentuais em relação ao ano passado. Os 80% estão acima da média global, de 60%, e da América Latina, na casa dos 62%.
Glória Lucena, uma das sócias de ESG da Grant Thornton Brasil, avaliou que o percentual nacional é expressivo, mas há bastante trabalho a ser feito para que as companhias de médio porte consigam se estruturar para os novos requisitos dos normativos, tanto em implementação de práticas, adequação de processos e formalização do ambiente de controle.
“Um grande desafio é mapear riscos de sustentabilidade e de clima, além de entendimento dos efeitos financeiros desses riscos no negócio. Por outro lado, essa adequação representa também uma excelente oportunidade para ampliar a vantagem competitiva internacional”, analisou Glória.
A executiva exaltou o fato de o Brasil ser pioneiro na adoção das normas IFRS S1 e S2, emitidas pelo International Sustainability Standards Board, sobre como empresas de capital aberto devem divulgar informações financeiras acerca da sustentabilidade. Para ela, as normatizações podem colocar o País como referência para outras jurisdições.
As normas IFRS S1 e S2A estabelecem padrões de divulgação de informações sobre sustentabilidade. IFRS S1 aborda a divulgação de temas financeiramente materiais relacionados à sustentabilidade, envolvendo estratégia, governança, gestão de risco e oportunidades, metas e métricas, enquanto a norma de IFRS S2 regula a divulgação de informações sobre os riscos e oportunidades climáticas de uma empresa.

Outras iniciativas também foram citadas como fundamentais para a evolução das empresas brasileiras na questão ESG. As Resoluções da CVM (Comissão de Valores Imobiliários) números 193, 217, 218, 219 e 223, que regem obrigações das companhias, como reconhecer, mensurar, apresentar e divulgar créditos de carbono em seus relatórios financeiros, garantindo maior transparência e comparabilidade das informações sobre o impacto ambiental das empresas, foram algumas das evoluções destacadas por Glória Lucena.
FINANCIAMENTO
Segundo Daniele Barreto e Silva, também sócia especialista em ESG da Grant Thornton Brasil, as boas práticas de ESG saíram de um patamar básico ara avançar em questões mais complexas do modelo de negócios das empresas, aprofundando no fluxo de caixa e nas perspectivas de futuro das corporações.
“Os resultados têm de refletir no dia a dia. Antes a avaliação era apenas de como as empresas estavam se comportando sobre esses temas. Hoje existe acompanhamento de como elas estão impactado a sociedade, com informações ligadas diretamente com as demonstrações financeiras”, discorreu Daniele.
Para a executiva, as ações e as informações apresentadas estão com cada vez mais qualidade. E esse movimento, no geral, abre portas para mais investimentos estrangeiro nas companhias brasileiras. “Isso abre o leque de fontes de financiamento de projetos”, vislumbrou, ao acrescentar que o Brasil está trilhando o caminho certo da agenda ESG. “Especialmente por ser pioneiro nas regulamentações, mas também por fazer movimento muito positivo de clareza para as empresas.”