Multinacional de tecnologia, Tivit ultrapassa R$ 2 bilhões e entra no mercado dos EUA

Companhia brasileira adota estratégia de produzir soluções caseiras e expandir para a América do Norte os negócios que já estão estabelecidos em 10 países latinos

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Imagens: Divulgação

Tivit possui 5.600 colaboradores, incluindo mais de 600 desenvolvedores, 250 especializados em SAP e 150 em cibersegurança

Tivit possui 5.600 colaboradores, incluindo mais de 600 desenvolvedores, 250 especializados em SAP e 150 em cibersegurança

Conhecida por seu posicionamento agressivo em aquisições, a multinacional brasileira de tecnologia Tivit pisou no freio nos últimos dois anos. Um dos momentos mais avançados de aceleração inorgânica ocorreu no início dos anos 2020. Em 2023, a estratégia foi fazer uma spin-off da Takoda e se distanciar da operação de data center para focar exclusivamente em serviços digitais. Serviços digitais, aliás, produzidos em casa. De janeiro de 2024 para cá, foram colocadas no portfólio da empresa 13 novas soluções. E outras ainda serão lançadas neste ano, totalizando cerca de 20 inovações em dois anos. Uma tática que tem gerado resultados positivos. Após faturar R$ 1,9 bilhão em 2023, a Tivit superou R$ 2 bilhões de receita ano passado. O balanço oficial não foi divulgado, mas a expectativa é de que o avanço nas vendas seja acima dos 10%.

“Chegamos à conclusão de que valeria a pena fazer investimentos para desenvolver soluções dentro de casa. Valeu a pena. Nos próximos seis meses vamos lançar mais nove produtos”, disse Paulo Freitas, CEO da Tivit, ao BRAZIL ECONOMY.

Os novos serviços estão alinhados com as áreas de atuação da companhia: nuvens pública, privada e híbrida, desenvolvimento de software, dados, analytics, cibersegurança, soluções em SAP e AI generativa. “São produtos que vão nos dar ainda mais competitividade e agregar na nossa capacidade de expandir”, afirmou o executivo.

Paulo Freitas, CEO da Tivit: soluções produzidas dentro de casa tem gerado resultados positivos
Freitas, CEO da Tivit: soluções produzidas dentro de casa têm gerado resultados

A expansão se dará por novos serviços e por ampliação geográfica da atuação da empresa. A Tivit, que está em 10 países (Brasil, Chile, Argentina, Colômbia, Peru, Panamá, Equador, Bolívia, Paraguai, México), prepara sua entrada nos Estados Unidos.

Para isso, a companhia brasileira tem se beneficiado de dois movimentos principais. Um deles o que os americanos chamam de near-sourcing, que leva para mais perto deles os bens ou serviços que compram. Ferramentas tecnológicas do mercado da Índia, que está há mais de 10 horas dos Estados Unidos no fuso-horário, seriam contratadas da Tivit, por exemplo, que está mais perto e com o fuso de 2 horas em algumas regiões.

Outro ponto é a intenção das companhias multinacionais vislumbrarem contratos mais abrangentes, de forma regional, e não um contrato com cada país. Com presença sólida na América Latina, a Tivit sai na frente dos concorrentes nesse sentido.

As primeiras operações em solo americano – e quem sabe canadense – já ocorrem no meio deste ano. Equipes estão sendo fortalecidas na Colômbia e no México para atender a essa demanda. Squads do Brasil também terão participação nesses projetos. “Vamos habilitar desenvolvedores brasileiros para trabalharem com essas empresas, no mesmo fuso horário, escrevendo códigos”, enfatizou Freitas, ao destacar que atualmente a Tivit possui 5.600 colaboradores, incluindo mais de 600 desenvolvedores, 250 profissionais especializados em SAP e 150 profissionais voltados para serviços de cibersegurança.

Outros fatores jogam a favor da companhia brasileira para explorar o mercado americano. “Os profissionais brasileiros são qualificados e as ferramentas são basicamente as mesmas. Mas nosso custo (por causa do câmbio) é muito mais competitivo”, discorreu o CEO.

Algumas empresas que são atendidas no Brasil terão seus contratos estendidos para receber serviços da Tivit nos Estados Unidos. “Nós vamos entrar por essa porta. Depois, com nossa competência, nos estabelecemos, conhecemos o mercado local e conseguimos expandir ainda mais para capitalizar”, vislumbrou o executivo que está na companhia brasileira há 14 anos – quando o faturamento, no início dos anos 2010, era de R$ 400 milhões.

Com o plano de avanços para a América do Norte e as novas soluções lançadas no Brasil e outros países da América Latina, a expectativa de crescimento da Tivit neste ano é de 13% a 15%. Os contratos mais recentes firmados foram com CPFL, Grupo Ultra e Dasa.

Entre as inovações mais recentes, a Tivit People; o software gerencial que tem o objetivo de engajar talentos, desenvolver lideranças e reter profissionais essenciais; a Athena, solução de IA generativa que acelera e dá inteligência às empresas, com ganho de automação de processos e aperfeiçoamento na geração de dados que auxiliam na tomada de melhores decisões de negócio; e a OneCloud, plataforma para gestão multicloud, que oferece um painel para gerenciar múltiplos ambientes.

Apesar das ferramentas criadas em casa e processos de M&A em temperatura baixa, Paulo Freitas afirmou que a Tivit sempre está de olho nas oportunidades. São observadas cerca de 200 empresas por ano. Depois do funil de avaliações, 10 delas entram numa apuração mais profunda. Nos últimos períodos, nenhum dos potenciais negócios foram em frente.

Até que surgiram rumores de que a própria Tivit poderia ser comprada por gigantes do setor de tecnologia e telecomunicações. Alheia aos comentários – ao menos publicamente –, a companhia “não se pronuncia sobre especulações do mercado” e segue com seu plano de crescimento a partir das soluções caseiras.

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