Luxo e rentabilidade: os caminhos para investir em imóveis no exterior

A procura por imóveis nos EUA tem refletido os altos e baixos da economia brasileira nos últimos anos, mas também faz parte do planejamento do investidor, que encontra lá um ativo sólido

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Imagens: DIvulgação e Freepik

Imóveis

Entre os destinos mais procurados por brasileiros, Los Angeles surge como alternativa de investimento

Com o dólar e o euro circulando na marca dos R$ 6, investir em imóveis nos Estados Unidos e na Europa pode parecer um erro. Mas não é exatamente assim. Com as taxas de financiamento imobiliário nesses países girando em torno de 3% e cidades com retornos entre 8% e 13%, é possível aliar um bom negócio a um estilo de vida exclusivo — basta fazer as escolhas certas.

Para Carlos Corsini, head da WIT Real Estate, a procura por imóveis nos Estados Unidos tem refletido os altos e baixos da economia brasileira nos últimos anos, mas também faz parte do planejamento do investidor, que tem encontrado no mercado imobiliário um ativo sólido. “É sempre importante buscar o momento certo para realizar esse investimento, pois, como todos os ativos, existem ciclos de altas e baixas. Se não houver cuidado nesse sentido, o investimento em imóveis pode gerar um prejuízo grande”, disse.

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Carlos Cosini, da WIT, diz que imóvel é um bom investimento, mas exige cautela

Segundo ele, a escalada do dólar, que em um primeiro momento pode parecer um obstáculo para esse tipo de investimento, acaba por fortalecer um perfil específico de investidor. “Com a deterioração da macroeconomia brasileira e, com ela, a desvalorização do real frente ao dólar, há uma busca por proteção contra os efeitos dessa desvalorização por meio de investimentos em dólar”, explicou. Ainda que ações, em geral, se apresentem como uma boa oportunidade de negócio, os imóveis acabam sendo a escolha de investidores que buscam ativos menos voláteis. “Hoje, as famílias estão preocupadas em manter o padrão de vida, e a compra de imóveis em moedas fortes é, sem dúvida, uma forma simples de alcançar esse objetivo”, afirmou.

Para dar esse passo, no entanto, é preciso olhar o mercado com atenção. “Especialmente para os custos operacionais que esses imóveis geram, de forma que o investimento seja realizado com uma análise clara de qual será o aporte e o retorno.” O especialista afirma ainda que pode ser interessante avaliar o investimento por meio de estruturas jurídicas mais elaboradas, como empresas patrimoniais localizadas em países com benefícios fiscais (offshores). “Vale lembrar também que, na maioria dos países desenvolvidos, os juros são baixos, e faz muito sentido adquirir imóveis por meio de financiamento.”

TIO SAM

Os Estados Unidos figuram entre os destinos mais procurados pelos brasileiros para investimentos imobiliários. O país também concentra uma das maiores estruturas de venda de imóveis, ou cotas, para investidores do Brasil que desejam prosperar nas terras do Tio Sam. Uma dessas empresas é a Hurst Capital, que, em parceria com a americana RealtyMogul, lançou a operação Real Estate – Estados Unidos, que promete uma rentabilidade na casa dos 13% ao ano por meio de uma participação indireta na aquisição de um empreendimento residencial classe A na cidade de Bonaire, próxima a Atlanta, na Geórgia.

O aporte mínimo na operação é de R$ 10 mil, com período estimado de 18 meses. Para Arthur Farache, CEO da Hurst Capital, o momento é propício porque o preço de aquisição do ativo está 61% abaixo do valor de mercado. “O mercado imobiliário dos Estados Unidos é um dos mais líquidos e transparentes do mundo”, afirmou. Segundo o executivo, o investidor da Hurst começará a receber, a partir de novembro deste ano, distribuições trimestrais da renda de aluguel do empreendimento, até o momento da venda.

Entre os destinos preferidos dos brasileiros também está a Flórida. Segundo levantamento da National Association of Realtors (NAR), o estado foi o principal destino para 28% dos compradores internacionais de imóveis nos EUA em 2024, conforme o relatório Profile of International Home Buying and Selling. Entre os maiores investidores estrangeiros, os brasileiros aportaram US$ 1,98 bilhão em propriedades entre setembro de 2023 e setembro de 2024, representando 4,7% do total de vendas para estrangeiros nos Estados Unidos.

Segundo dados da Associação Nacional de Corretores de Imóveis dos EUA, 55% dos investimentos de brasileiros no país ocorrem na Flórida. De acordo com Corsini, da WIT, isso acontece pela facilidade de acesso (com mais voos diretos), além do clima e do ambiente mais próximos da realidade brasileira.

Sobre os possíveis reflexos da política econômica do governo Donald Trump e seus efeitos no mercado imobiliário, Corsini acredita que ainda é difícil mapear os próximos desdobramentos do cenário global, mas prevê que “os Estados Unidos serão fortalecidos com as medidas que estão sendo tomadas, ainda que possam gerar uma inflação um pouco maior”, disse. Para ele, não há nada no horizonte que desabone o mercado imobiliário em si. “A perspectiva é que os mercados continuarão a se fortalecer e se valorizar. E vale sempre lembrar a regra básica do investimento em imóveis: localização, localização e localização!”

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Praia Dona Ana é um dos motivos que tem atraído investidores estrangeiro para o mercado imobiliário de Algarve

VELHO CONTINENTE

No final de janeiro, o Banco Central Europeu (BCE) reduziu para 2,75% a taxa básica de juros na região, na quarta contração consecutiva. Com esse novo corte, cresce no mercado imobiliário a expectativa de retomada das vendas, que desaceleraram entre 2022 e 2023, quando o aumento dos juros começou a impactar o financiamento imobiliário. Na prática, o momento é favorável, mas não se pode demorar muito, pois os preços tendem a subir assim que a demanda crescer.

O movimento de alta nos preços já é sentido em algumas cidades europeias. É o caso de Algarve, na costa Sul de Portugal. Por lá, a imobiliária Savills registrou um aumento de 35% na busca por imóveis de luxo no último trimestre de 2023, período em que a curva de juros já apontava para baixo.

| Brazil Economy
Prospecção do apartamento do Grupo Libertas, em Algarve

Ainda que os norte-americanos sejam os principais compradores, os brasileiros figuram no top 5. Segundo Kerstin Buechner, coproprietária da Quinta Properties, braço da Savills na região, os britânicos sempre foram os maiores compradores de imóveis por lá, “mas isso está mudando”, afirmou.

Os imóveis de luxo na região variam entre 3,5 milhões de euros e 20 milhões de euros, e a oferta de unidades prontas tem se tornado mais escassa. “Há menos oferta no mercado do que nunca, e a demanda está anos-luz à frente do que costumávamos ter”, diz Buechner.

Para aumentar essa oferta, o Grupo Libertas, tradicional incorporadora do mercado de alto padrão em Portugal, iniciou este ano a venda do Lux Garden EVO, em Faro, no Algarve. Com investimento de 30 milhões de euros, a empresa afirma que se trata de um condomínio exclusivo “que reflete a fusão perfeita entre estética e funcionalidade.” O empreendimento terá seis andares e 117 apartamentos, com entrega prevista para o final de 2026. O plano da incorporadora é preencher as vendas com investidores internacionais, incluindo brasileiros.

Também de olho nesse mercado, o BTG Pactual anunciou no ano passado o plano de triplicar seus investimentos imobiliários na Europa nos próximos dois ou três anos, atingindo 1 bilhão de euros. Atualmente, o banco brasileiro já administra quase 6 bilhões de euros em fortunas na Europa. Nos últimos anos, levantou fundos para adquirir hotéis históricos em Portugal e também investiu em shopping centers, como parte de uma estratégia para renová-los e revendê-los ao longo de aproximadamente cinco anos.

 

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