Enquanto as empresas brasileiras de menor porte buscam alternativas de financiamento para driblar a alta da Selic, fintechs que apresentam soluções alternativas nadam de braçada. É o caso da PeerBR, especializada em crowdfunding – modalidade de financiamento coletivo que conecta empresas a investidores via plataformas digitais. Ano passado, a empresa viu o volume operacionalizado (VOP DCM) saltar 371% entre 2023 e 2024, movimentando R$ 413,9 milhões no ano passado. Para este ano, o plano é manter o mesmo ritmo de crescimento.
De acordo com dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o volume de emissões passou de R$ 260 milhões em 2022 para mais de R$ 1,17 bilhão em 2024, “esse aumento foi impulsionado pela demanda crescente de empresas por financiamento alternativo”, afirma Marcos Barros, CEO do PeerBR.
Entre as emissões registradas na CVM, a PeerBR já detém 60% do mercado e, quando analisado os financiamentos fora da Comissão, a empresa soma um terço do total emitido. Segundo o executivo, os pequenos e médios empresários são os principais clientes deste tipo de financiamento, e o tíquete médio dos clientes na plataforma cresceu 306% no ano passado, indo de R$ 3.100 para R$ 9.250.

“Esse crescimento acontece em um momento de forte expansão do mercado de crowdfunding no Brasil”, disse Barro. A maior atenção se deu com a inserção de novos tipos de crédito, com destaque para as emissões de dívida possibilitadas por revisões recentes na Resolução 88 da CVM. “A expectativa é que o mercado de capitais ultrapasse o crédito bancário tradicional como principal fonte de financiamento para empresas até 2035.”
Com um mercado em franca expansão, Barros afirma que a fintech tem ampliado o número de produtos de crédito privado, incluindo CRIs, CRAs, debêntures, precatórios e recebíveis judiciais. Essa diversificação permitiu ao Grupo GCB, que detém a PeerBR, atender a empresas de diferentes setores, desde incorporadoras e tradings agrícolas até pequenas indústrias e prestadores de serviços, tornando o crédito estruturado acessível a empresas que, antes, dependiam exclusivamente de grandes bancos e fundos de investimento e, inclusive, por vezes sequer eram atendidas. “O crescimento do PeerBR reflete a evolução do mercado de capitais brasileiro. A tokenização de ativos será um divisor de águas nesse processo, trazendo mais eficiência e reduzindo os spreads de financiamento”, disse o CEO.
CICLO DE OURO
A tokenização e a regulação, segundo Barros, devem sustentar a próxima fase de crescimento da fintech, Segundo estimativas da McKinsey, o mercado global de tokenização pode atingir US$ 2 trilhões até 2030, proporcionando maior eficiência na alocação de capital e novas oportunidades para investidores.
Sobre a regulamentação, a atualização das regras da CVM para o mercado de crowdfunding ampliou os limites de captação. Segundo Gustavo Blasco, fundador do PeerBR e CEO do Grupo GCB, foi este movimento que deu maior segurança jurídica aos investidores e atraiu players institucionais para o segmento. “A combinação de tecnologia e regulação mais robusta mudou a percepção do mercado. Hoje, temos uma base diversificada de investidores que enxergam o crédito privado como uma oportunidade estratégica”, explica
Atualmente a empresa soma mais de 120 mil usuários cadastrados e, nos últimos cinco anos, registrou 400 mil transações. Segundo Blasco, quase mil pequenas e médias empresas se beneficiaram do financiamento. Para os próximos anos, a fintech pretende continuar ampliando sua base de investidores e expandindo sua oferta de produtos estruturados. “O crédito privado está no centro da transformação do mercado de capitais brasileiro, oferecendo novas oportunidades para empresas e investidores. Nosso objetivo é liderar esse movimento, tornando o financiamento mais acessível e eficiente.”