Depois do melhor ano de sua história em 2024, o Banco Inter encara agora um 2025 de maior responsabilidade perante clientes e mercado, além de um período da macroeconomia desafiador, como preveem analistas, a partir de uma curva de juros em alta, o equilíbrio da inflação em alerta e muitos holofotes voltados à capacidade fiscal do governo. Apesar de alcançar patamares mais elevados em seus resultados e o momento de olhos ainda mais abertos ao cenário econômico, o Banco Inter vai seguir a cartilha que o trouxe até aqui: pés no chão, cautela na gestão de riscos, balanço protegido e investimento em tecnologia para gerar cada vez mais hiperpersonalização de seus produtos e serviços aos clientes.
“Começamos o ano no nosso melhor momento. Temos feito uma gestão bastante sofisticada, muito hedge. Tem um balanço bem neutro, o que faz com que a gente dependa muito mais da nossa execução e da nossa capacidade de fazer originação de crédito do que de efeitos macroeconômicos”, disse Alexandre Riccio, CEO da operação brasileira do Banco Inter, ao BRAZIL ECONOMY.
Há mais de 10 anos na companhia, Riccio conhece as nuances que levam a economia a seus altos e baixos. Por isso a fala – e a atitude – firme para “evoluir com cautela, sabendo que temos princípios de negócio que são sólidos independentemente do macro”. Com ciclos negativos a cada dois ou três anos, a sensação é de um País sempre em crise.

Apesar disso, conquistou resultados históricos ano passado. Sobre eles, o CEO obviamente fala com entusiasmo. Foram R$ 6,4 bilhões de receita, com R$ 973 milhões de lucro. E aqui vale um adendo importante. O valor é três vezes superior ao registrado em 2023 e superior à soma de toda a história da instituição financeira, criada em 1994 e pioneira em conta 100% digital, a partir de 2015.
SOLUÇÕES INTEGRADAS
Isso ocorreu somente agora porque o Banco Inter fez suas escolhas. Andou de lado em seus resultados nos anos anteriores a 2023 porque preferiu investir mais e lucrar menos – ou nem lucrar. Até chegar a uma plataforma tratada como Super App dois anos atrás. Saiu de 600 colaboradores em 2018 para 4.400 atualmente.
Na ponta do processo, atrai mais pessoas para abrir conta e utilizar os cerca de 150 serviços disponíveis em sete linhas de negócio: conta digital para pessoas físicas e jurídicas; crédito; investimento; seguros; shopping (lojas dentro do app), conta global e Loop (programa de pontos).
A tecnologia avançada, desenvolvida e aprimorada dentro de casa, leva ao cliente ter um banco praticamente personalizado ao seu estilo de vida na palma da sua mão. Cada correntista possui uma interface diferente na abertura do app, com serviços mais acessados e sugestões de seu interesse para chegar ao que procura com mais facilidade e menos cliques.
“Conseguimos ativar mais clientes com muito investimento em hiperpersonalização. Acreditamos em uma solução integrada de produto”, disse Riccio.
Em número de clientes pessoa física, a companhia chegou a 36 milhões, 18% a mais do que a base do ano anterior, uma adição de 1,7 milhão a cada trimestre. Já entre PJs, são 2,5 milhões.
No quesito crédito, a carteira cresceu mais de 30%, para R$ 41,2 bilhões, com índice de inadimplência acima de 90 dias em 4,2%. “Temos uma evolução qualitativa muito boa”, afirmou Riccio, ao apontar para estratégia de crédito de 2/3 colateralizado (empréstimo que utiliza bens de garantia) e 1/3 sem colateral. “Já trabalhamos há tempos para poder melhorar a qualidade de crédito da carteira, principalmente do cartão de crédito que não tem colateral.”

Em investimentos, superou a marca de 7 milhões de clientes com produto. Os seguros tiveram incremento no portfólio e fechou o ano com quase 5 milhões de contratos, para um faturamento de R$ 250 milhões. O desafio para este ano é aumentar o ticket médio. “Evoluímos muito em clientes ativos. Agora, temos a missão do up selling (estratégia de vendas que oferece ao cliente um produto ou serviço de maior qualidade ou valor)”, discorreu o CEO.
A Inter Shop, plataforma de venda de produtos com cash back dentro do app do Banco Inter movimentou R$ 5 bilhões em 2024. A conta global, em dólar para brasileiros, chegou perto dos 4 milhões de clientes. A volatilidade do câmbio atrapalha os avanços dessa linha de negócios? Pelo contrário.
“De certa forma até ajuda, porque o brasileiro tem percebido cada dia mais o efeito da dolarização na sua vida. Isso faz ele pensar em ter um pedaço das suas economias em dólar. O brasileiro normalmente é um poupador em moeda local. Nossa plataforma é completa, com a experiência simplificada, para dar uma oportunidade de diversificação de investimentos”, afirmou o executivo. “Essa volatividde começa a ser um indutor de negócios.” Dentro desse espectro, recentemente o Banco Inter lançou o cartão de crédito em dólar, com oferta inicial para 250 mil contas.
E, para finalizar as sete estradas de desenvolvimento da empresa financeira, o Loop encerrou o ano com 11 milhões de clientes.
Com números tão consistentes, o que pode atrapalhar a evolução do Banco Inter? Justamente a macroeconomia, tratada no início desta reportagem. “Estamos acompanhando. Se o macro também estiver bem, é melhor para todo mundo”, disse Riccio, esquivando-se de uma análise mais contundente. É a cautela, uma das características que trouxeram o Banco Inter até aqui.
O plano 60-30-30 da companhia continua: alcançar até 2027 as marcas de 60 milhões de clientes, 30% de índice de eficiência e 30% de retorno sobre o patrimônio líquido. Já se passaram dois anos do lançamento da estratégia. Faltam três. O mato alto já foi cortado. “Estamos em linha com nossa proposta. Temos boas razões para gostar do futuro”, finalizou Alexandre Riccio.