ASUS muda o jogo com investimentos em produção local e foco no setor corporativo

Gigante taiwanesa de computadores, venerada pelo público gamer, reconfigura seu modelo de operação no Brasil e nacionaliza a produção para avançar no mercado B2B

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Imagens: Divulgação

Henrique Costa, que comanda a divisão "Commercial", afirma que a estratégia para o mercado corporativo é a produção local

Henrique Costa, que comanda a divisão "Commercial", afirma que a estratégia para o mercado corporativo é a produção local

Quem é entusiasta dos jogos on-line sabe que a ASUS, empresa de tecnologia com sede em Taiwan, é uma espécie de Toyota dos computadores pessoais – dada sua longevidade e desempenho. Mas a empresa quer diversificar seu jogo no País. A operação brasileira decidiu ampliar a partir deste mês sua atuação no mercado local, com um investimento significativo no segmento corporativo. A empresa, que já possui uma forte presença no mercado de varejo, com pouco mais de 12% de participação em notebooks para consumidores, agora mira o mercado B2B (business-to-business) com uma linha de produtos premium e produção local.

A decisão de entrar no segmento corporativo vem após um período de amadurecimento da marca no Brasil. Segundo Henrique Costa, executivo que comanda a divisão “Commercial” (de produtos para negócios) na ASUS, a empresa chegou ao País como uma das últimas multinacionais do setor, mas vem ganhando mercado ano a ano. “Como nos tornamos objeto de desejo dos gamers nos últimos anos, agora queremos consolidar essa reputação e confiabilidade também no segmento corporativo”, afirmou Costa, em entrevista exclusiva ao BRAZIL ECONOMY. Mundialmente, a ASUS ocupa a quarta posição em vendas de notebooks para consumidores, mas no segmento corporativo, a marca ainda está consolidando sua presença, ocupando atualmente a nona posição global.

O P5 é um notebook com tecnologia de inteligência artificial de última geração, capaz de processar 45 trilhões de operações por segundo
O P5 é um notebook com tecnologia de IA de última geração, capaz de processar 45 trilhões de operações por segundo

Um dos pilares da estratégia da ASUS para o mercado corporativo é a produção local. A empresa iniciou a fabricação de notebooks corporativos no Brasil neste mês, em uma fábrica terceirizada da Foxconn em Jundiaí, no interior de São Paulo. Atualmente, a linha corporativa conta com três modelos, sendo um deles totalmente produzido no País, o B1, que oferece um amplo range de configurações, desde processadores Intel Core i3 até Core i7.

Os outros dois modelos, P5 e B9, são importados, mas a ASUS planeja trazer toda a produção para o Brasil. O P5, por exemplo, é um notebook com tecnologia de inteligência artificial de última geração, capaz de processar 45 trilhões de operações por segundo (TOPS), enquanto o B9 é um modelo ultraleve, com apenas 990 gramas e recursos avançados, como NFC.

Para viabilizar essa expansão, a ASUS prevê um investimento de R$ 30 milhões em 2025, com expectativa de dobrar para R$ 60 milhões no ano que vem. Além disso, a empresa planeja ampliar sua equipe comercial e de suporte técnico, incluindo serviços on-site, para atender às demandas do mercado corporativo. “Ter produção local nos garantirá uma melhor estrutura à rede de assistência e mais previsibilidade de custos”, acrescentou Costa.

Diferenciais competitivos

A ASUS aposta em design e tecnologia como principais diferenciais para conquistar o mercado corporativo. Segundo Henrique Costa, os produtos da marca oferecem recursos avançados, como dois slots para SSDs em modelos básicos, permitindo maior capacidade de armazenamento e velocidade, além de designs que facilitam a manutenção, como parafusos que não se soltam durante a desmontagem.

Outro destaque é o software embarcado, que inclui ferramentas como filtros de ruído para chamadas, reconhecimento de voz e câmeras que acompanham o movimento do usuário durante videoconferências. Esses recursos, desenvolvidos internamente pela ASUS, são oferecidos a um custo competitivo, o que, segundo a empresa, permite entregar mais valor ao mesmo preço dos concorrentes.

A ASUS tem metas audaciosas para os próximos anos. A empresa pretende alcançar 10% de participação no mercado corporativo de notebooks no Brasil em três anos, com expectativa de que essa divisão responda por 25% do faturamento global da companhia no longo prazo (cinco anos). No Brasil, a operação já é a quarta mais importante dentro do grupo, atrás apenas de mercados como China, Estados Unidos e Índia.

O B1 oferece um amplo range de configurações, desde processadores Intel Core i3 até Core i7
O B1 oferece um amplo range de configurações, desde processadores Intel Core i3 até Core i7

Para atingir esses objetivos, a ASUS está estruturando uma rede de distribuição e canais de vendas, além de contar com parcerias estratégicas, como a Fast Shop, que funciona como uma vitrine para os produtos da marca. Apesar de não ser o maior canal em volume de vendas, a Fast Shop é considerada essencial para a exposição da marca devido ao seu posicionamento premium.

A entrada da ASUS no mercado corporativo representa um desafio significativo, considerando a forte concorrência de marcas já estabelecidas nesse segmento, como Dell e Lenovo. No entanto, a aposta em produção local, tecnologia avançada e design diferenciado pode ser um trunfo para conquistar espaço em um mercado que movimentou cerca de 2,1 milhões de notebooks corporativos no Brasil em 2023, segundo dados da IDC.

Com investimentos robustos e uma estratégia focada em inovação, a ASUS espera não apenas consolidar sua presença no mercado corporativo, mas também elevar a importância do Brasil dentro de seu panorama global.

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