Dizem que o ano do brasileiro começa a todo vapor após o Carnaval, então é hora de colocar os planos em prática. Nesse “novo” início de 2025, o mercado financeiro passa grandes modificações, impulsionado pelos conflitos externos e adaptação das empresas às novas demandas dos consumidores. Portanto, definitivamente será um ano marcado pela consolidação de tendências tecnológicas que prometem redefinir a forma como interagimos com o dinheiro e os serviços financeiros.
De acordo com um levantamento realizado pelo Gartner, foi projetado um crescimento anual de 9,3% no mercado de Bancos, Serviços Financeiros e Seguros (BFSI) nos próximos cinco anos, com o setor movimentando até USD 1 trilhão em 2028. Além disso, a pesquisa “The state of AI in early 2024: Gen AI adoption spikes and starts to generate value“, da McKinsey, o uso de Inteligência Artificial já alcança 72% das empresas. As mudanças vão muito além da forma de transacionar valores, as instituições financeiras devem estruturar suas operações e serviços para atender a um consumidor cada vez mais digital e exigente. Abaixo destaco cinco tendências que devem nortear o mercado financeiro nos próximos meses. Confira:
Real Digital e expansão da criptoeconomia
O Brasil segue como um dos protagonistas globais na adoção de moedas digitais emitidas por bancos centrais (CBDCs). Com o lançamento oficial do Real Digital previsto para 2025, o Banco Central busca integrar funcionalidades de contratos inteligentes e tokenização de ativos ao sistema financeiro nacional. O real em formato digital foi batizado de Drex e tem o mesmo valor e a mesma aceitação da moeda tradicional. Esse serviço financeiro dependerá de um banco ou de outra instituição para seu uso pelo cidadão.
Automação inteligente com IA generativa
A inteligência artificial generativa está remodelando o mercado financeiro ao trazer maior personalização e automação de processos. Chatbots mais avançados, recomendação de investimentos personalizados e detecção de fraudes em tempo real são apenas algumas das aplicações práticas.
Open Finance 2.0: mais integração e personalização
Com mais de 10 milhões de usuários ativos no Brasil, a nova fase do sistema trará maior integração entre serviços como seguros, investimentos e previdência. Imagine acessar o aplicativo do seu banco e encontrar, além de suas contas e cartões, uma análise detalhada de seus investimentos em diversas instituições, propostas personalizadas de seguros para sua casa ou carro e até mesmo simulações para planejar sua aposentadoria com previdência privada.
Outro exemplo prático é a possibilidade de realizar compras parceladas diretamente em apps de parceiros do seu banco, utilizando os limites de crédito disponíveis, sem a necessidade de preencher dados adicionais. O Open Finance evoluiu para oferecer uma experiência ainda mais conectada entre bancos, fintechs e empresas. O desafio agora é garantir a segurança e ampliar o uso de APIs para criar experiências financeiras mais unificadas e eficientes.
Embedded Finance: novo modelo de negócios
O conceito de embedded finance, ou “finanças incorporadas”, permite que empresas fora do setor financeiro ofereçam produtos como cartões de crédito, empréstimos e até contas digitais diretamente aos seus clientes, integrando esses serviços em suas plataformas e aplicativos. Essa inovação melhora a experiência do consumidor, atrai novos públicos, fideliza clientes e proporciona mais flexibilidade para operações como pagamento de salários ou de fornecedores.
Pix 2.0: inclusão e novas funcionalidades
O Pix, lançado em 2020, já se consolidou como um dos principais motores da inclusão financeira no Brasil, com mais de 150 milhões de chaves cadastradas e movimentações que ultrapassam R$ 1 trilhão por mês, segundo o Banco Central. Em 2025, o sistema entra em uma nova fase com a implementação do Pix Automático, para pagamentos recorrentes, e o Pix Internacional, que conectará o Brasil a redes globais de transações instantâneas. Essas inovações reduzem custos transacionais e aumentam a competitividade entre as instituições financeiras, o que, no final das contas, resulta em benefícios diretos para o consumidor.
Como se preparar para o futuro
Organizações precisam repensar seus modelos de negócios, integrando novas tecnologias e priorizando a experiência do cliente. Já o consumidor deve buscar entender as mudanças no mercado, para aproveitar as oportunidades e se proteger de riscos. Tanto empresas quanto indivíduos devem estar atentos às transformações e investir em educação financeira e digital.
A chave para 2025 será abraçar a inovação de forma estratégica e quem se adaptar rapidamente a esse novo cenário estará à frente na construção de um mercado financeiro mais acessível.
*Noel Rocha, CPO da iugu, empresa de tecnologia que oferece ecossistema de infraestrutura financeira