Vida Veg entra no canal farma e reformula portfólio para faturar R$ 300 milhões

Depois de ampliar fábrica em Lavras (MG), companhia focada em itens vegetais atua para aumentar a receita em 252% em três anos

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Imagens: Divulgação

Álvaro Gazolla, fundador da Vida Veg: "Novas gerações estão mais conscientes"

Álvaro Gazolla, fundador da Vida Veg: "Novas gerações estão mais conscientes"

Neste ano em que completa uma décadas de atividades voltadas à produção de alimentos veganos, a Vida Veg coloca em prática um plano que prevê a entrada no canal farma, lançamentos e reformulação de seu portfólio, hoje com cerca de 50 itens, comercializados em 6 mil pontos de venda do Brasil. A meta e chegar em 2028 com um faturamento de R$ 300 milhões, um aumento de 253% em relação aos R$ 85 milhões de receita registrados ano passado.

A aposta da Vida Veg para alcançar o objetivo também está calcada na projeção de crescimento do setor. O mercado global de alimentos veganos deve atingir US$ 37,5 bilhões em 2030, com expansão ano a ano de 10,7%, de acordo com relatório da Grand View Research, Inc.

“Não tenho dúvida que esse movimento de plant-based só tende a crescer cada vez mais. As novas gerações estão mais conscientes e impactadas por  decisões mais inteligentes de escolha alimentar”, disse Álvaro Gazolla, fundador da Vida Veg, engenheiro de alimentos com passagem pela Verde Campo, de produtos lácteos.

Mas, claro, a Vida Veg tem de fazer sua lição de casa. Neste primeiro trimestre de 2025 estão previstos lançamentos de três produtos, em um total de oito SKUs. Um deles será uma bebida fermentada, altamente nutritiva e rica em sabor. O outro será focado em proteínas para consumo diário, low carb e baixa gordura. E o terceiro na categoria nutracêuticos, que vai marcar a entrada da empresa nas gôndolas das farmácias.

“São itens com tecnologia e formulações proprietárias e bem avançadas, mas com oportunidades grandes de mercado”, afirmou Gazolla, ao projetar que até o final do ano serão lançados de 15 a 20 produtos da marca, em um processo de “repaginação do portfólio”. Hoje, são cerca de 50 itens. A intenção é chegar a 70 deles, obviamente com descontinuação de alguns que não estão dando o retorno esperado. Acelerar as bebidas vegetais (leite) é um dos focos principais.

Com a reformulação, portfólio da Vida Veg deve ter 70 produtos
Com a reformulação, portfólio da Vida Veg deve ter 70 produtos

Esse movimento da Vida Veg ocorre depois de entrar em operação, a partir do início de 2024, a ampliação da fábrica em Lavras (MG). Com investimento de R$ 10 milhões, a capacidade produtiva aumentou quatro vezes, para 1 mil toneladas por mês. Segundo o executivo, a atual operação será suficiente para absorver as demandas ao menos pelos próximos três anos.

Canais de venda indiretos também estão na mira da Vida Veg

Atualmente, 98% dos produtos da Vida Veg são vendidos por canal direto da companhia. Os produtos da marca chegam a 6 mil pontos de comércio do País, em todas as regiões.

Novos canais estão sendo explorados, como o Grupo Zaffari, um dos maiores varejistas do Rio Grande do Sul. A parceria foi firmada ano passado. “Temos muito trabalho para fazer com eles ainda. Está longe da maturidade. Vamos crescer”, frisou Gazolla, ao citar como contraponto o Hortfrut, com o qual tem relação há sete anos e os produtos da marca já são conhecidos por 95% dos clientes do mercado.

Atuar nesse modelo de canal direto é um diferencial, mas também é uma fraqueza, pois inibe a presença em pequenos e médios estabelecimentos que poderiam dar escala às vendas. O principal problema é o custo logístico que, segundo o fundador, já está sendo solucionado. “Vamos desenvolver distribuidores especializados que possam fracionar as cargas e entregar em mais pontos. Trabalharemos com essa expansão e capilaridade pelos próximos três anos. Não fizemos isso antes porque o segmento precisava amadurecer”, avaliou o executivo.

Alta carga tributária é o desafio do setor plant-based

Um dos desafios do setor de produtos de origem vegetal é o preço. Alguns deles são comercializado por valores que chegam a ser mais que o dobro de itens de origem animal, como os leites de castanha e de vaca.

Segundo Álvaro Gazolla, a carga tributária é o vilão dessa história. “Em média, hoje no Brasil, os produtos vegetais têm 35% mais impostos do que os de origem animal. Se tirarmos esse fator carga tributária, conseguimos praticar um preço mais acessível”, discorreu o executivo, ao pontuar dificuldades com ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), MVA (Margem de Valor Agregado) e outras desvantagens, como subsídios para alguns itens de cesta básica com os quais a merca disputa mercado.

“Não conseguimos ser competitivos em custo perante o imposto. Isso acaba inibindo o crescimento”, enfatizou Gazolla. Essa pauta está sendo discutida com o poder público por meio da Base Planta, uma associação dedicada a fortalecer o setor e otimizar a estrutura fiscal da indústria de alimentos à base de plantas no Brasil.

“Se conseguirmos reverter esse quadro, as projeções (do segmento) mudam drasticamente. O mercado tem um potencial enorme”, disse o executivo, para em seguida arrematar: “A escolha do consumidor pelo produto não deveria ser pelo preço, que tem o tributo como um agravante”.

 

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