Os anos de 2025 e 2026 serão marcados pela adoção massiva da Inteligência Artificial (IA). A análise vem de quem tem propriedade no assunto: Marco Stefanini, fundador e CEO do grupo que leva seu sobrenome, com 37 anos de atuação no mercado de tecnologia, presença em 41 países e 38 mil colaboradores.
Depois do período pandêmico, de 2020 a 2022, marcado pelo avanço da digitalização nas companhias mundo afora – e, claro, a Stefanini surfou nessa onda –, os anos de 2023 e 2024 registraram “soluções turbinadas, aceleradas por IA”, segundo o empresário. Nos próximos dois anos, a tendência será o uso em escala dessa tecnologia, que vem revolucionando diversos mercados.
“Passamos pela fase de experimentação da IA, depois de muita implementação, e agora chegamos ao que chamamos de adoção massiva”, disse Stefanini ao BRAZIL ECONOMY.
O grupo já tem um portfólio de 250 casos de IA, desenvolvidos em parceria com mais de 100 clientes de diferentes setores. Todos foram cocriados com as empresas, não apenas para aumentar a eficiência operacional, mas também para responder a desafios reais de negócios.

A Inteligência Artificial não é uma unidade de negócios do Grupo Stefanini, mas está presente em todas as áreas “de forma transversal”. “É um acelerador. Acelera todas as demais”, afirmou o empresário, citando os principais segmentos em que a IA contribui, como cibersegurança, automação industrial, marketing e soluções financeiras.
Bom para os clientes, bom também para os resultados do Grupo Stefanini, que fechou 2024 com um faturamento de R$ 8 bilhões, 13% a mais do que no período anterior. Com a “adoção massiva” da IA, a projeção para este ano é de um crescimento de 15%, atingindo R$ 9,2 bilhões.
Para onde vão os investimentos da Stefanini?
O Grupo Stefanini conquistou, pelo segundo ano consecutivo, o primeiro lugar na categoria Serviços e Consultoria de TI do Ranking 100 Open Startups 2024, o maior ranking corporativo da América Latina. Isso significa que a companhia é a que mais investe em startups no Brasil.
Atualmente, cerca de 300 startups fazem parte do ecossistema de inovação da Stefanini, em um movimento impulsionado pelo 87.co, programa de inovação aberta da empresa.
Na avaliação de Marco, o segmento de startups no Brasil passa por um momento de estabilização e maturidade, após alguns anos de excesso de liquidez e valuations um pouco fora da realidade. “Muitas vezes eram apenas pitches de vendas, não necessariamente soluções concretas. Vejo uma fase mais madura, não só no Brasil, mas no mundo. Agora, estamos separando os adultos das crianças.”
Com uma trajetória marcada por fusões e aquisições (M&As), a Stefanini mantém esse movimento no radar. Em 2025, não será diferente. O foco está em soluções complementares nas áreas de cloud, cibersegurança, marketing e serviços financeiros. “São setores em que estamos sempre ativos”, disse o empresário, destacando também um movimento interno de consolidação das mais de 30 empresas do grupo em setores específicos.
Em outras palavras, a companhia pretende realizar fusões internas, como a unificação das cinco empresas de marketing, tornando mais clara para o mercado a estrutura e as soluções do grupo. “Facilita a gestão e, inclusive, melhora muito o entendimento do cliente.”
Com operações em diversos países, é difícil encontrar no mapa um lugar onde a Stefanini ainda possa expandir. Mas Marco tem um alvo: o Oriente Médio. “É a única região que começamos a avaliar e pode fazer sentido para nós.” Paralelamente, a empresa também busca expandir sua participação em mercados onde já está consolidada.
Sobre o Brasil, que responde por 40% do faturamento do grupo, o foco é manter a posição, pois a companhia já está bem estabelecida. “Há mais oportunidades fora do país, como no México, onde estamos bem posicionados.”
E a DeepSeek?
Marco Stefanini também comentou sobre a sensação do momento: o chatbot chinês DeepSeek, que abalou as gigantes da tecnologia americanas e se tornou uma ameaça ao ChatGPT, da OpenAI.

Com investimentos na ordem de US$ 5 milhões, a IA chinesa foi desenvolvida com bem menos dinheiro – e menor potência computacional, com chips menos sofisticados – do que as IAs que já dominam o mercado e receberam aportes superiores a US$ 100 milhões.
Para Stefanini, o setor tecnológico é naturalmente dinâmico, o que leva ao surgimento de novas soluções constantemente. “A DeepSeek vem em boa hora, pois torna o mercado mais competitivo. Então, só ajuda, não atrapalha em nada”, concluiu o empresário.