A Calçados Bibi deu neste início de 2025 um passo importante em sua história de 76 anos. Colocou o pé nos Estados Unidos, a partir de uma parceria com a State of Kid, referência em curadoria de produtos infantis dentre as mais famosas marcas do mundo. Os valores das duas empresas se encontraram. Ao mesmo tempo em que tem a tradição de mais de sete décadas de estrada, a calçadista brasileira apresenta um portfólio moderno e sofisticado, justamente o que procurava a State of Kid. Em duas lojas haverá um espaço exclusivo da Bibi, com produtos e experiências. Uma no icônico Design District, em Miami, um badalado centro de compras, arte e gastronomia, e outra no South Miami, um polo que tem edifícios históricos, restaurantes e comércios. Mas a Bibi não quer só isso em solo americano. Outros passos estão nos planos da presidente da companhia gaúcha, Andrea Kohlrausch.
Nos Estados Unidos, a Bibi já vendia seus produtos para o varejo. E atuava por meio de parceiros. Agora, visa “investimentos mais próprios”, segundo a executiva. “Estamos assumindo as ações no mercado americano. Buscamos uma estratégia de fortalecimento de marca”, disse Andrea ao BRAZIL ECONOMY.
Dentre as iniciativas que serão realizadas a partir de agora – e por um período inicial de três anos – estão montagem do time comercial para incremento das relações B2B e avanços no canal digital de venda direta ao consumidor.
Também haverá investimento em marketing, participação em feiras e showroons e busca de outros espaços dentro de lojas. “É um novo marco para a história da Bibi”, afirmou a executiva, ao apontar outras fases relevantes da empresa, como o pioneirismo na fabricação de calçados infantis em 1949, o desenvolvimento dos produtos atóxicos, a tecnologia da palmilha Fisioflex Bibi e, mais propriamente no modelo de negócio, a entrada no varejo com as franquias, há 17 anos.
Hoje são mais de 150 lojas franqueadas, além de 3 mil pontos de vendas multimarcas com produtos Bibi.
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Nos Estados Unidos, essa primeira fase de atuação servirá mais para mostrar a cara do que conquistar vendas. O foco na comercialização em escala será posterior. “Não como nos outros mercados que a gente já consegue o investidor e gera resultado. O mercado americano é uma vitrine e mundo”, frisou Andrea. “Vamos buscar competências para o entendimento de marca por lá. O processo de internacionalização sempre nos traz insights e demandas.”
Ou seja, o exigente mercado americano vai proporcionar novos aprendizados na gestão da Bibi para que esse know-how seja replicado em outros países.
No Peru, um modelo a ser seguido
Presente em cerca de 60 mercados mundo afora, a Calçados Bibi observa na operação do Peru um dos modelos mais bem sucedidos da marca. No país sul-americano, o parceiro comercial investe no negócio, abre lojas, faz a distribuição e tem relação com outros lojistas.
É um trabalho de licenciamento que a Bibi visa multiplicar para outros mercados, principalmente na América Latina. “Estamos em busca de parceiros para esse tipo de licenciamento”, destacou a presidente.
As operações no exterior representam de 5% a 20% do faturamento da Calçados Bibi. As vendas nas redes de lojas geraram receita de R$ 214 milhões em 2024.
Somadas a outras formas de comercialização – multimarcas, por exemplo – o faturamento chegou a R$ 400 milhões. Os resultados do segundo semestre do ano passado foram 22% superiores ao do mesmo período anterior.
Investimento também na operação brasileira
Ao mesmo tempo em que pisa nos Estados Unidos e avança na internacionalização, a Calçados Bibi fortalece a operação brasileira, que abastece o mercado interno e os demais. O mesmo produto vendido aqui também está nas prateleiras das lojas americanas e do restante do mundo.
Os calçados são fabricados em duas plantas, uma em Parobé (RS) e outra em Cruz das Almas (BA). Nelas são produzidos mais de 2,6 milhões de pares ao ano.
Neste ano – a partir deste mês, mais especificamente –, as fábricas serão modernizadas para aperfeiçoar tanto a produtividade e quanto a qualidade. “Nossas indústrias são verticalizadas. Fazemos todo o processo do calçado, desde o solado, o corte, a costura, até a montagem”, explicou Andrea.
Além disso, a Bibi tem reforçado sua distribuição interna. O Centro de Distribuição localizado no Rio Grande do Sul foi reforçado com espaços de armazenagem e despacho na região metropolitana de São Paulo. E as próprias lojas espalhadas pelo País também tem funcionado como minicentros de distribuição para entregas próximas delas.
“O cliente quer comprar e receber o mais rápido possível. Nosso desafio é conseguir baratear a logística e entregar mais ágil”, disse a presidente, ao citar ainda que o e-commerce é responsável por 12% das vendas atualmente. Em 2019, antes da pandemia, grava em torno de 3%. Levados em consideração todos os canais de venda, seja por whatsapp, compre e retire na loja e outras frentes, a ominicanalidade é responsável por 40% da comercialização. “Temos reforçado cada vez mais nosso ecossistema digital”, afirmou a executiva.
Passo a passo a Calçados Bibi tem crescido no País e fora dele. “Continuamos com a estratégia de pintar o Brasil e o mundo de laranja”, enfatizou Andrea Kohlrausch, ao citar a conhecida cor da marca.