Algumas palavras regem a vida de Maurício Okubo: planeta, pessoas e pérolas. A primeira remete à sustentabilidade e à preservação do mundo em que vivemos. A segunda, à responsabilidade social. E a terceira é a razão da existência de Maurício e da empresa da família, a joalheria Julio Okubo. Outras três palavras ele usa para se autointitular: sonhador, otimista e inquieto. É dessa forma que ele dirige a companhia fundada por seu avô em 1965.
Neste ano, a empresa completa 60 anos de história corporativa, mas sua trajetória começou quatro décadas antes, em 1925, quando Rosa Okubo, bisavó de Maurício, desembarcou do navio que a trouxe do Japão com uma pérola na bagagem. Era a primeira vez que esse item, até então restrito à Ásia e à Europa, entrava no território brasileiro. Hoje, um século depois, a joalheria cresce unindo tradição e inovação. Prepara o lançamento de suas coleções comemorativas e sua internacionalização, com entrada no mercado japonês.
“Temos um trabalho de longo prazo, sempre valorizando a importância de cada geração, seja da nossa família, dos colaboradores ou dos clientes. Essa é a beleza da continuidade. Temos de olhar para o lado financeiro, mas também para a prosperidade. Nossa trajetória é pautada em valores importantes”, disse Maurício Okubo ao BRAZIL ECONOMY.
Ao longo de seis décadas de atuação, a joalheria esteve presente em momentos de celebração de seus clientes. Muitas vezes, as joias têm o propósito de tornar essas ocasiões ainda mais especiais e marcantes.
Mas 2025 será o ano da própria Julio Okubo comemorar. Para celebrar o centenário da chegada da primeira pérola ao Brasil e as seis décadas da companhia, a joalheria lançará duas coleções. “Ao mesmo tempo em que temos grande orgulho do passado, também existe uma grande paixão pelo futuro”, disse Maurício sobre as novidades.

Uma das coleções será específica sobre os 100 anos desde que Rosa Okubo trouxe a pérola ao país – um anel que foi vendido para uma das clientes dos quimonos japoneses que ela comercializava de porta em porta e que se encantou com o adereço em seu dedo. “Vamos contar a história de cada tipo de pérola que chegou ao Brasil nesse período”, antecipou o CEO sobre o conceito da coleção, que deve estar disponível entre setembro e outubro.
Em seguida, no fim do ano, mais próximo do Natal, a Julio Okubo lançará uma coleção inspirada no Japão. “Traremos aspectos importantes do país, com o qual temos enorme conexão. Para nós, são muito relevantes os valores que existem entre o Oriente e o Ocidente. Vamos trabalhar esse lado da ancestralidade, conectada com o futuro que queremos construir”, explicou Maurício.
Além de comemorar, durante este ano especial, a Julio Okubo também avançará em seus negócios. As seis lojas em shoppings paulistas (Anália Franco, Ibirapuera, Iguatemi, Pátio Paulista, Morumbi e Iguatemi Campinas) e as duas oficinas, uma em São Paulo e outra no Amazonas, seguem como os pontos de tração da empresa. As duas marcas próprias da empresa também continuam gerando resultados: a Okubo Men, com joias para o universo masculino, e a JOY, com peças autorais e marcantes.
A novidade fica por conta da internacionalização da marca, com um projeto de entrada no mercado japonês. O país asiático foi escolhido por dois motivos. Primeiro, pela ligação natural da família Okubo, que veio de lá para o Brasil no início do século XX. O segundo é a força da imagem do piloto brasileiro Ayrton Senna no Japão, onde conquistou os três títulos mundiais de sua carreira na Fórmula 1.
A joalheria tem a coleção Ayrton Senna by Okubo Men, lançada em 2024, a primeira do mundo de joias inspiradas na história e no legado do icônico piloto de automobilismo. Com peças que remetem ao capacete, ao carro e a outras referências de Senna, a Julio Okubo pretende conquistar o público japonês, assim como fez o atleta brasileiro.
Coleção Ayrton Senna faz sucesso no Brasil e será levada ao mercado do Japão
“Quando se olha para o mundo, cada mercado tem uma característica. Mas essa construção do Ayrton Senna faz muito sentido para nós que seja no Japão”, disse Maurício.
Uma conexão com a Floresta Amazônica
Maurício Okubo acaba de voltar da Amazônia, onde encerrou a primeira parte de um ciclo de conexão com a comunidade local. A joalheria possui uma coleção inspirada nos elementos da floresta, concluída após dois anos de imersão e estudos. “Em 2024, estive seis vezes por lá para aprofundar como poderíamos atuar não só em relação à inspiração na floresta, mas também em como fazer a diferença para quem vive nela”, relatou o executivo.
A conectividade foi além disso. Uma modelo indígena protagonizou a campanha publicitária das peças para potencializar a mensagem da coleção, lançada no segundo semestre do ano passado. Algumas joias foram produzidas a partir de madeira de manejo sustentável, respeitando a capacidade de regeneração da floresta.
“Nos comprometemos a plantar uma árvore para cada peça vendida. Nossa participação foi com 3 mil delas, frutíferas (cacau, graviola, cupuaçu e cumaru), que vão impactar o futuro, pois geram renda local com extratos e óleos”, afirmou Maurício, que adotou também em sua operação a rastreabilidade completa da cadeia do ouro via blockchain. “Estamos comprometidos a não ter nenhum ouro vindo do bioma da Amazônia, mesmo que extraído de maneira legal.”
Com o mesmo propósito, a Julio Okubo firmou parceria com a Família Schurmann ao lançar uma coleção em que parte do valor das vendas é destinada à expedição Voice of the Oceans. “É mais um trabalho que envolve o cuidado com o planeta e com as pessoas”, destacou Maurício.
Dessa forma, a Julio Okubo chega aos 60 anos, em uma história que começou com uma pérola e se transformou em um negócio com o propósito de encantar clientes, unindo tradição e inovação.