A francesa Ipsos, uma das líderes globais em pesquisa de mercado, anunciou a aquisição do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica), um dos principais institutos de pesquisa de opinião pública e política no Brasil. Fundado em 2021 por executivos do Ibope Inteligência, o Ipec se destaca por sua expertise em pesquisas de opinião e análises políticas, conduzindo estudos qualitativos e quantitativos, tanto online quanto offline. A empresa também realiza pesquisas de consumo nas áreas de marca, comunicação e produtos, com forte capacidade para desenvolver projetos complexos que representam a diversidade da população brasileira. “Estou muito feliz em dar as boas-vindas às equipes do Ipec à Ipsos. Esta aquisição nos permite expandir nossa oferta de pesquisa em opinião pública na América Latina e atender à crescente demanda por estudos de alta qualidade no Brasil, apoiados por nossos 30 anos de experiência no país”, afirmou Ben Page, CEO global da Ipsos.
No campo da política, a Ipsos sabe que vai ter trabalho de sobra no País.Nos últimos anos, as pesquisas eleitorais no Brasil têm sido alvo de intensos debates e questionamentos, especialmente em um cenário marcado pela forte polarização política. Críticos apontam que os levantamentos frequentemente divergem dos resultados finais das eleições, gerando desconfiança na população e em setores da sociedade. A discussão sobre a credibilidade dos institutos de pesquisa ganhou ainda mais relevância nos últimos pleitos, com acusações de vieses metodológicos e erros de previsão.
A principal crítica às pesquisas eleitorais está relacionada às diferenças entre os percentuais apresentados antes da votação e o resultado final apurado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em algumas eleições, candidatos que apareciam com desvantagem expressiva nas pesquisas acabaram tendo desempenho superior ao projetado, o que alimenta suspeitas sobre possíveis distorções nos levantamentos. Alguns especialistas defendem que esses desvios podem ocorrer por fatores como mudança de intenção de voto na reta final, voto envergonhado e limitações amostrais.
A polarização política também tem levado à disseminação de teorias conspiratórias, sugerindo que institutos de pesquisa manipulam dados para favorecer determinados candidatos. No entanto, não há evidências concretas que sustentem tais alegações. Os institutos alegam que utilizam metodologias científicas e transparentes para a coleta de dados, seguindo parâmetros estatísticos reconhecidos internacionalmente. Além disso, a legislação eleitoral exige que as pesquisas sejam registradas no TSE, o que garante maior fiscalização.
Outro ponto de discussão é a metodologia empregada pelos institutos. Algumas pesquisas são feitas presencialmente, enquanto outras utilizam entrevistas telefônicas ou via internet. Cada modelo possui vantagens e desvantagens, podendo impactar os resultados de diferentes formas. Críticos argumentam que as pesquisas telefônicas, por exemplo, podem excluir eleitores de menor renda e escolaridade, distorcendo os dados. Além disso, a formulação das perguntas e a escolha das regiões pesquisadas também são fatores que podem influenciar os números “Este movimento ocorre em um momento estratégico. Em um cenário onde pesquisas, dados e insights são fundamentais, nossa união com o Ipec fortalece nossa posição para apoiar empresas, marcas e instituições na compreensão das mudanças sociais e das tendências de consumo”, destacou Marcos Calliari, CEO da Ipsos no Brasil.