Os bons ventos parecem nortear a operação da fabricante paranaense de barcos, lanchas e pontoons Fluvimar. Depois de registrar um crescimento de 64% no faturamento em 2024, a empresa se prepara para manter o Norte este ano, quando espera aumentar em 25% a capacidade produtiva para atender à nova demanda de clientes. Segundo Jorge Oliveira, fundador da companhia, o aumento da carteira de clientes se deve, principalmente, à crescente busca por embarcações de alto padrão. Para dar conta dos novos negócios, o executivo anunciou ainda investimentos no pátio fabril de Cianorte, no Paraná. “A ampliação da fábrica não reflete apenas o aumento da demanda, mas também a busca por melhorias nos processos e na tecnologia dos nossos produtos”, afirmou.
Questionado sobre os destaques da operação no ano passado e as tendências para este ano, Oliveira cita o mercado de pontoons, um tipo de embarcação plana que flutua sobre cilindros ocos, chamados de pontos ou pontões. Nesse segmento, inclusive, a empresa foi uma das primeiras a fabricar no Brasil. Atualmente, a companhia concentra sua atuação em regiões como São Paulo, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Amazonas e Maranhão — áreas marcadas por grandes rios e lagos, que oferecem condições ideais para a navegação. “Outro exemplo é Porto Rico, no Paraná, que se destaca no setor náutico ao possuir uma das maiores frotas do Estado, superando até mesmo o número de habitantes da cidade”, disse.
Sobre a concorrência no mercado náutico e os desafios da operação no Brasil, Diego Urbanski, diretor comercial da Yza Náutica & Off Road, revendedora parceira da Fluvimar, diz que a competitividade exige que as empresas tenham cada vez mais cuidado com a durabilidade dos produtos e com a inovação. “Isso vai além dos cuidados com o meio ambiente no processo produtivo”, afirmou.
Nesse quesito, inclusive, o diretor ressalta que os pontoons e lanchas são hoje as opções que oferecem menor impacto ambiental “e maior eficiência no consumo de combustível”, explica Urbanski. Esse modelo de embarcação, que pode ter até 30 pés, tem se tornado popular entre as classes A e B. Com um aumento de cerca de 10% na procura por esse tipo de embarcação no Brasil, a tendência é que a demanda continue crescendo nos próximos anos. Nos Estados Unidos, por exemplo, há 1,1 milhão de pontoons registrados, sendo metade deles adquiridos nos últimos cinco anos.
Indústria acompanha a tendência
Se a demanda por embarcações parece crescer, o plano de expandir a capacidade da indústria naval brasileira também tem ganhado espaço na agenda do governo federal. No final do ano passado, o Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante (CDFMM) aprovou a liberação de R$ 10,5 bilhões para 21 projetos de modernização da indústria naval.
O Fundo da Marinha Mercante (FMM) é administrado pelo Ministério de Portos e Aeroportos, por intermédio do CDFMM, e faz parte do programa de fortalecimento da indústria naval, liderado pelo vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin. No total, em 2024, foram aprovados R$ 31 bilhões em projetos com recursos disponíveis para contratação até dezembro.
O BNDES também tem direcionado recursos para fomentar a indústria naval. Em 12 meses até setembro de 2024, segundo o último balanço do banco, a carteira de crédito com recursos do FMM já somava R$ 18,9 bilhões. Até o último mês divulgado, cerca de 98% dessa carteira era formada por projetos voltados à construção ou aquisição de embarcações, enquanto aproximadamente 2% destinavam-se à reforma ou construção de estaleiros. O Rio de Janeiro e Santa Catarina lideram como os principais destinos desses recursos.
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