Fintech de crédito para o agronegócio transaciona R$ 800 milhões

Volume concedido pela Agree em 2024 é 150% superior ao emprestado no ano anterior. Com R$ 1,5 bilhão já liberado, a empresa espera manter o ritmo de crescimento em 2025

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Imagens: Freepik e Divulgação

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Problemas climáticos e alto custo da produção são os vilões do campo no Brasil

Enquanto o governo federal trabalha para tirar do papel uma versão para pequenos produtores agrícolas do programa Desenrola, empresas como a Agree, especializadas em conceder crédito para empresários de menor porte, nadam de braçada. No ano passado, a fintech bateu R$ 800 milhões transacionados, 150% mais que em 2023. Segundo Rayssa Melo, cofundadora da fintech, os números refletem a necessidade de financiamento do setor, que enfrenta dificuldades como margens mais apertadas, alta nos juros, restrições financeiras e pedidos de Recuperação Judicial (RJs). Em 2025, a empresa já soma R$ 1,5 bilhão em crédito aprovado. 

A startup, fundada em 2022, encontrou um mercado com forte demanda represada. “Alcançar R$ 800 milhões em transações com uma empresa tão nova, reflete a confiança do mercado em nosso modelo de negócio. Esse marco também reforça o papel estratégico da Agree em conectar produtores rurais a linhas de crédito que garantam sustentabilidade e crescimento no campo”, afirmou.

Só em 2024 a empresa ofereceu crédito na ordem de meio bilhão de reais. Entre os principais motivos para demanda, segundo Rayssa, estão circunstâncias adversas, como condições climáticas desfavoráveis e altas taxas de juros. “A concessão do crédito rural ainda demanda bastante tempo do produtor e é um processo moroso e burocrático. A Agree otimiza esse processo por meio da tecnologia, oferecendo agilidade e soluções personalizadas para os agricultores através de uma ampla rede de instituições financeiras. Hoje nós temos carteira ativa em mais de 15 bancos”, acrescentou Rayssa.

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Thays Moura e Rayssa de Melo fundaram a Agree em 2022

De acordo com a executiva, a demanda deve continuar alta neste ano, visto que as condições econômicas e climáticas continuam a pressionar os produtores do campo. “O crédito se torna importante para a empresa manter o fluxo de caixa e viabilizar novos investimentos, apesar dos obstáculos enfrentados no cenário econômico”, disse. Para garantir competitividade, Rayssa diz oferecer prazos mais longos e taxas atraentes. “Assim podemos ajudar os empresários a reestruturarem suas finanças e a planejarem o futuro com mais segurança.”

Para este ano, o plano da empresária é ampliar atuação em sua plataforma digital. “Vamos implementar novas funcionalidades que tornem a análise de crédito ainda mais ágil e eficiente.” Outro fator que deve impulsionar os negócios da empresa é a implementação de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) próprio, que deve impulsionar a oferta de crédito este ano.

Segundo ela, o portfólio da Agree inclui ainda oportunidades de captação de recursos no Mercado de Capitais e consultoria para reestruturação de finanças. “Nosso compromisso é continuar impulsionando a transformação digital no agronegócio. Queremos oferecer soluções financeiras inovadoras e acessíveis, conectando produtores e instituições financeiras com ainda mais eficiência”, disse Rayssa.

DESENROLA RURAL

A iniciativa da Agree acompanha uma demanda do setor: o alto endividamento e os problemas de acesso ao crédito do produtor rural. Ao BRAZIL ECONOMY, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, disse que alta no preço da produção no campo, somada ao estrangulamento dos empresários menores, exigiu que o governo encontrasse uma forma de liberar o crédito para estes empresários. 

“Precisamos que os agricultores voltem a tomar crédito para melhorar a oferta de alimento de qualidade para os brasileiros”, disse. Ele reforçou que o governo garante que os juros para a cadeia do agronegócio não acompanha a Selic e o que falta, apenas, é renegociar as dívidas para que eles possam contratar novos produtos financeiros. “Não podemos esquecer que o crédito agrícola é muito generoso. Os juros básicos no Brasil estão em 13,25%. Os juros do crédito agrícola são 3% para produzir alimentos e de 2% para os alimentos agroecológicos”

A proposta do governo é que o Desenrola Rural,  instituído pelo Decreto Nº 12.381, acompanhe as mesmas premissas do Desenrola para pessoas físicas, com renegociação de dívidas que envolvam mais de 90% de desconto. “Estimamos que cerca de 1,3 milhão de agricultores no Brasil estão com alguma restrição de acesso ao crédito, então será possível destravar uma ampla oferta que fará a diferença na vida destes produtores”, afirmou.

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