Nalini: “Precisamos de financiamento internacional para projetos climáticos”

José Renato Nalini enumera o potencial que cidades como São Paulo têm para atrair recursos do exterior na implementação de projetos verdes

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Imagens: Prefeitura de São Paulo / Divulgação

Mudanças Climáticas

R$ 8 bilhões. Esse foi o valor investido pela Prefeitura de São Paulo em macro e microdrenagem, nos últimos quatro anos. O montante foi divulgado por José Renato Nalini, secretário-executivo municipal de Mudanças Climáticas, pasta pioneira no setor nas mais de 5,5 mil cidades do Brasil. Apesar do aporte bilionário, Nalini afirmou que é necessária entrada de recursos estrangeiros para a metrópole paulistana avançar ainda mais nas questões ambientais. 

“Precisamos de financiamento internacional para projetos do clima”, afirmou o secretário durante evento promovido pela revista Vidi, de economia sustentável, que debateu na capital paulista, no dia 3 de fevereiro, o tema “Alterações climáticas, desafios e urgentes providências” com diversos especialistas do setor. 

Nalini referiu-se especialmente ao Plano de Ação Climática do Município de São Paulo, chamado de PlanClima SP. Como metas estão a implementação de medidas capazes de diminuir as emissões de carbono até 2030 e gerar neutralidade até 2050.

Entre os “grandes projetos” que necessitariam de financiamento na capital paulista, citados por Nalini, estão a requalificação da Represa Guarapiranga, a reorganização da Represa Billings, o programa de transporte hidroviário e a revitalização do Centro da cidade. “Seria muito interessante que a gente chamasse a comunidade internacional para fazer aplicações”, disse.

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Nalini cita a revitalização da represa Guarapiranga e transporte hidroviário como bases para o futuro

Ainda que não se tenha divulgado as cifras necessárias para atender os projetos locais, relatório apresentado em reuniões do G20 apontam para a necessidade de de US$ 4 trilhões em investimentos até 2030 para cumprimento dos programas estabelecidos no Acordo de Paris, em 2015. 

Apesar do trabalho do poder público em suas esferas municipal, estadual e federal, nos 55 países que mais emitem gases de efeito estufa, a participação do setor privado é vista como essencial para alcançar as metas e garantir a implementação de infraestruturas sustentáveis.

Explosão Imobiliária

O secretário ressaltou que tem conversado com diversos setores da iniciativa privada brasileira para ajudar nos avanços que devem ser feitos. Mas, em alguns casos, não tem tido o retorno esperado. “Precisamos convencer a poderosa construção civil a olhar para a natureza”, destacou, ao apontar um dos segmentos resistentes.

Nalini observou ainda que, para evitar o que chamou de “explosão imobiliária”, a Prefeitura declarou de utilidade pública 32 áreas verdes, “que ainda não estão nas mãos de particulares”. 

“Queremos uma São Paulo cada vez mais verde. Estamos em observação de cada espaço em obras públicas para fazer jardins e plantios”, discorreu o secretário, ao alertar que a Guarapiranga, o principal reservatório de abastecimento da Capital,  já “perdeu” cinco metros de profundidade e está sendo alvo de “invasão contínua, de ocupação para fins de moradia”. “São mananciais que devem ser preservados”, disse.

“Estamos no tempo das microrrevoluções”

Coordenadora do Centro de Pesquisas USPproClima, Patrícia Iglecias também participou do evento que discutiu as questões climáticas. Para a especialista, apesar das discussões entre países estarem em voga, são as ações dos estados, as cidades e das instituições que farão a diferença na preservação do meio ambiente e controle do clima. “Estamos no tempo das microrrevoluções”, disse a a professora e superintendente de Meio Ambiente da USP.

Iglecias também fez um alerta sobre a importância de as discussões que ocorrem mundo afora serem transformadas em iniciativas efetivas. “Nossas ações precisam ser mais rápidas”, ponderou.

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