EXCLUSIVO: Minsait compra brasileira RustCon e avança em tecnologia para Defesa

Gigante espanhola, com receita de 4,8 bilhões de euros em 2024, planeja dobrar de tamanho em três anos com inovações em cibersegurança para empresas e apoio às Forças Armadas no Brasil

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Imagens: Gorodenkoff/iStock

Com o negócio, a empresa expande sua capacidade de desenvolvimento de tecnologia de controle do espaço aéreo

Com o negócio, a empresa expande sua capacidade de desenvolvimento de tecnologia de controle do espaço aéreo

Talvez você não conheça a empresa Minsait pelo nome, do conglomerado espanhol Indra Group, mas certamente já utilizou algumas de suas tecnologias. A companhia é responsável, por exemplo, pelos softwares de controle do espaço aéreo brasileiro e de fronteiras, sob gestão das Forças Armadas. Se o seu voo decolou e pousou, foi porque os sistemas da Minsait funcionaram bem. A empresa também atua em áreas como inteligência artificial, cloud computing e cibersegurança para governos estaduais, com gestão de dados de segurança pública e prontuários médicos de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

Apesar dessa forte presença “invisível” no mercado brasileiro, a Minsait parece querer mais. A empresa acaba de fechar a compra da carioca RustCon, especializada em consultoria, integração e implementação de projetos tecnológicos avançados de cibersegurança. O valor do negócio não foi revelado. A aquisição, chamada internamente de “aliança estratégica”, inclui o licenciamento exclusivo de software e fortalece a atuação da Minsait no setor de segurança cibernética, um dos principais vetores de crescimento da empresa globalmente.

Marcelo Bernardino, CEO da Indra, afirma que meta é dobrar de tamanho até 2027
Marcelo Bernardino, CEO da Indra, afirma que meta é dobrar de tamanho até 2027

Fundada em 2013 no Rio de Janeiro (RJ), a RustCon se especializou na proteção de infraestruturas críticas e na segurança da informação, prestando serviços para os setores de energia, indústria, finanças e telecomunicações, além de atender órgãos governamentais. Certificada como Empresa Estratégica de Defesa (EED) pelo Ministério da Defesa do Brasil, a companhia atua no desenvolvimento e execução de projetos de alta complexidade tecnológica, incluindo simuladores, sistemas críticos e plataformas de comando e controle. Como a Indra fornece tecnologia para o espaço aéreo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Europa, utilizando radares 3D avançados, o know-how poderá ser utilizado também no Brasil com a mesma finalidade, protegendo espaços aéreos críticos contra invasões, espionagem digital e ameaças externas.

Toda essa tecnologia também possui utilidade industrial e comercial. Com a formalização do negócio, a Minsait também amplia seu portfólio de soluções, destacando a plataforma Simoc Cyber Range, um simulador avançado e flexível capaz de replicar digitalmente a infraestrutura física de plantas industriais em diversos segmentos. A colaboração entre as empresas já vinha sendo desenvolvida nos últimos anos, e o Simoc já integrava a oferta de cibersegurança da Minsait desde 2024. Entre as instituições que utilizam a plataforma estão a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Até agora, segundo a empresa, o Simoc foi utilizado na formação de mais de 20 mil profissionais e empregado em mais de 2,5 mil simulações de ataques cibernéticos. Desde 2018, a solução também tem sido um dos pilares do Guardião Cibernético, iniciativa anual conduzida pelo Ministério da Defesa e coordenada pelo Comando de Defesa Cibernética (ComDCiber) do Exército Brasileiro, considerada o maior exercício de cibersegurança do Hemisfério Sul.

Em entrevista exclusiva ao BRAZIL ECONOMY, o executivo Marcelo Bernardino, CEO da Indra no Brasil, afirmou que o plano estratégico da companhia prevê dobrar de tamanho até 2027. “Vamos acelerar nossos negócios em segmentos que temos potencial de multiplicar nos próximos anos”, afirmou o CEO. “Pelas dimensões do Brasil e a imensa capacidade de crescimento em diversos segmentos, o País é uma prioridade nas estratégias globais do grupo.”

Entre os segmentos de maior potencial está o da Defesa. A empresa afirma que pretende colaborar com o ecossistema de Defesa Aérea Brasileiro, aportando tecnologia, conhecimento e soluções no setor de radares aeroespaciais. A colaboração com as Forças Armadas inclui soluções e serviços eletrônicos de missão, vigilância marítima e sistemas antidrones de última geração. Além disso, a companhia diz estar empenhada em participar ativamente do setor espacial brasileiro, incluindo gestão de satélites e fornecimento de tecnologias upstream e downstream.

Crescimento global e foco em Defesa

Com faturamento de 4,8 bilhões de euros em 2024, o Indra Group tem expandido sua atuação mundialmente, especialmente nos setores de defesa e cibersegurança. No ano passado, as receitas da companhia cresceram 12%, impulsionadas pelo desempenho positivo das divisões de tráfego aéreo (30%), Defesa (26%) e Minsait (7%).

A aquisição da RustCon faz parte de um plano de expansão, principalmente no setor de Defesa, com investimentos em tecnologias para proteção eletrônica de plataformas aéreas, navais e terrestres, vigilância marítima e sistemas antidrones. A companhia também busca avançar na gestão de satélites e no desenvolvimento de tecnologias espaciais, contribuindo para a segurança e o monitoramento do território brasileiro.

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