EXCLUSIVO: Amazon prepara superplataforma de entregas para o mercado brasileiro

Serviço já conhecido nos Estados Unidos, o Amazon Flex será uma espécie de “Uber das entregas”, operado por pessoas físicas independentes. O objetivo é reduzir o “last mile” da logística e acirrar a disputa com Mercado Livre

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Imagens: Freepik/foto ilustrativa

O Amazon Flex garantiria à empresa maior agilidade nas entregas com surporte de motoristas independentes, como um Uber

O Amazon Flex garantiria à empresa maior agilidade nas entregas com surporte de motoristas independentes, como um Uber

A guerra do varejo eletrônico no Brasil deverá ganhar novos – e poderosos – armamentos nos próximos meses. A gigante americana Amazon está estruturando uma superplataforma independente de distribuição. A novidade permitirá que motoristas autônomos utilizem seus próprios veículos para entregar pequenos pacotes dentro de um raio de 40 quilômetros, segundo uma fonte da diretoria da empresa, que revelou detalhes da estratégia com exclusividade ao BRAZIL ECONOMY. Chamado de Amazon Flex, o serviço deverá ser lançado no segundo semestre deste ano e ajudará a empresa a reduzir pela metade o tempo de entrega. Em regiões metropolitanas, compras pelo site poderão chegar às mãos do cliente no mesmo dia.

Embora seja inédito no país, o Amazon Flex é um serviço já bem conhecido nos Estados Unidos. Por meio de um aplicativo dedicado, disponível para dispositivos Android e iOS, os parceiros podem gerenciar suas atividades no próprio smartphone e ganham, em média, de US$ 18 a US$ 25 por hora. O aplicativo orienta os motoristas desde o processo de inscrição até a conclusão das entregas, oferecendo suporte em tempo real quando necessário.

Em operação, o serviço ajudará a Amazon a disputar a liderança no e-commerce brasileiro. Hoje, esse mercado é liderado pelo Mercado Livre, com 13% de market share e 336,6 milhões de acessos por mês, segundo dados de dezembro de 2024 do Relatório Setores do E-commerce, da consultoria Conversion. Na segunda posição aparece a Shopee, com 8,7% do mercado e 244,2 milhões de acessos. A Amazon Brasil vem na sequência, com fatia de 7,4% e 209,2 milhões de acessos. “A ordem da matriz é dobrar os números da operação brasileira em três anos e brigar pela liderança”, afirmou a fonte.

As dez maiores lojas do Brasil detêm 50,9% de toda a audiência do e-commerce no país, de acordo com a Conversion, o que prova que a tática de concorrer em cidades menores com varejistas locais na última etapa da entrega – o chamado “last mile” – pode ser um caminho importante para a companhia chegar ao topo.

Novo Centro de Distribuição da Amazon, em Cajamar (SP), é o mais moderno da companhia na América Latina
Novo CD da Amazon, em Cajamar (SP), é o mais moderno da América Latina

No caso do Brasil, assim como nos Estados Unidos, para ingressar no Amazon Flex os candidatos deverão atender aos seguintes critérios: ter mais de 21 anos, possuir um carro de quatro portas – como um sedã médio ou SUV –, ter carteira de motorista com indicação de uso profissional, manter um seguro de automóvel que atenda às exigências locais e possuir conta bancária para receber os pagamentos. Após a aprovação, os motoristas poderão selecionar blocos de tempo para realizar as entregas, oferecendo flexibilidade para conciliar o trabalho com outras atividades. Entre os principais benefícios do Amazon Flex estão – como o próprio nome já diz – a flexibilidade de horários e a possibilidade de ganhos adicionais.

Atualmente, o modelo de entrega da Amazon no Brasil se sustenta com empresas parceiras. Motoristas independentes interessados em se tornar entregadores devem se associar a essas empresas. Procurada pelo BRAZIL ECONOMY, a assessoria de imprensa da Amazon Brasil não confirmou o lançamento do novo serviço e afirmou, por meio de nota, que “a empresa ainda não tem planos definitivos para o lançamento desta modalidade de entrega no país”.

O plano de lançar o Amazon Flex, no entanto, estaria alinhado à declarada estratégia de expansão das operações. Na semana passada, a Amazon inaugurou seu novo centro de distribuição em Cajamar (SP). O galpão não é o maior da Amazon no país, mas é o mais tecnológico da América Latina e o maior da empresa no Brasil em capacidade e geração de empregos, com mais de 2.300 trabalhadores. O maior em área fica nos arredores do Recife, em Pernambuco.

A unidade recém-inaugurada tem capacidade para funcionar com até 2.300 funcionários
A unidade recém-inaugurada tem capacidade para operar com 2.300 funcionários

Desde 2019, quando a operação de varejo foi lançada, a Amazon Brasil cresceu exponencialmente e segue expandindo sua rede de logística e atividades corporativas. Hoje, já são mais de 150 polos espalhados por regiões estratégicas de Norte a Sul, com 150 milhões de produtos disponíveis para compra em mais de 50 categorias, entre varejo e marketplace. Com essa nova unidade, a Amazon passa a ter 12 centros de distribuição no país, com operações em São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Ceará e Pernambuco, além do Distrito Federal. Com uma área de 75.000 m² – o equivalente a seis vezes o tamanho do Mercado Municipal de São Paulo –, o novo centro de distribuição é o quinto em solo paulista. Segundo a empresa, por meio de um sistema interligado de esteiras com mais de três quilômetros e novas tecnologias, mais de 9.500 pacotes poderão ser processados e operados por hora, acelerando os prazos finais de entrega.

“Esse lançamento reforça nosso compromisso em aumentar a velocidade e a qualidade de entrega em todo o Brasil a partir da expansão de nossa infraestrutura logística, que já realiza entregas em 100% dos municípios brasileiros”, afirmou Ricardo Pagani, diretor de Operações da Amazon no Brasil. “Além de reforçar nosso comprometimento em sermos a melhor empresa para se trabalhar, oferecendo um excelente ambiente de trabalho por meio de tecnologia e inovação, que impulsionam a eficiência e a precisão de cada etapa do processo logístico, promovendo um ambiente seguro, enquanto possibilita entregas rápidas.”

Além da tecnologia aplicada, essa deverá ser a terceira operação conjugada de varejo e serviço de marketplace no Brasil, sendo a primeira anunciada no ano passado em Nova Santa Rita, região metropolitana de Porto Alegre. A operação conjugada permite o armazenamento e o envio de produtos do varejo e de vendedores parceiros participantes do FBA – Logística da Amazon. Por meio do programa FBA, a Amazon recebe os produtos do vendedor em seu centro de distribuição e cuida de todo o processo, da armazenagem à entrega e ao atendimento ao consumidor. Segundo a empresa, ao oferecer suporte logístico para os vendedores parceiros, a Amazon permite que eles se concentrem nas áreas-chave de seus negócios.

Um modelo que se assemelha ao Amazon Flex, mas não é. Por enquanto.

 

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