Com a alta da Selic em 2024, o apetite do investidor brasileiro por ativos de renda fixa ficou ainda maior. Diante das dificuldades de obter crédito na praça, os empreendedores também buscaram alternativas para baratear recursos e investir em suas operações. Esse cenário é um daqueles em que se junta a fome com a vontade de comer — pelo menos para as gestoras de Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs).
Para aproveitar o aumento da demanda de ambos os lados, as empresas que fazem a intermediação desse tipo de negócio reforçaram suas carteiras. Esse foi o caso da Catálise que, nos últimos dois anos, acumulou um crescimento de 250% e, para este ano, espera atingir a marca de R$ 15 bilhões sob gestão.
“Para chegar lá, investimos continuamente em tecnologia, inteligência artificial e pessoas, um caminho ideal para bater nossas metas para este ano”, disse André Fauth, sócio e CEO da Catálise.
Em 2024, a empresa atingiu R$ 9 bilhões sob gestão e encerrou dezembro com um volume operado bruto de R$ 41 bilhões. Atualmente, soma 138 fundos ativos e já impactou mais de 135,6 mil pessoas físicas e jurídicas. Para este ano, o plano é superar a marca de 200 fundos ativos, “mas sempre reforçando o patrimônio dos fundos já existentes e mantendo a trajetória de crescimento acelerado”, afirmou o executivo.
Para ampliar sua participação no mercado, a empresa planeja expandir sua base de clientes e reforçar sua entrada em novos segmentos, como redes hoteleiras, supermercados e lojas de materiais de construção — setores que ajudaram a impulsionar seus resultados no ano passado. Se tudo ocorrer conforme o planejado, a expectativa de Fauth é que, nos próximos meses, a empresa alcance um volume próximo de R$ 15 bilhões, podendo chegar a R$ 17 bilhões, a depender das condições macroeconômicas.
E, a julgar pelos números do mercado em 2024, esse resultado pode surpreender ainda mais. No ano passado, a captação líquida dos FIDCs foi de R$ 113,5 bilhões, um aumento de 184% em relação ao volume captado em 2023 (R$ 39,5 bilhões), segundo a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). Com esse desempenho, o patrimônio líquido da categoria chegou a R$ 589,3 bilhões em dezembro, uma alta de 32,6% na comparação com o mesmo mês de 2023. Na prática, os FIDCs ultrapassaram os fundos de ações em patrimônio líquido, que somavam R$ 584,9 bilhões sob gestão.
Também houve um aumento no número de fundos, que passou de 2,28 mil em 2023 para 2,77 mil no ano passado, com maior participação de pessoas físicas. Esse público investiu R$ 15,98 bilhões na modalidade em 2024, um crescimento de 115,9% em relação ao ano anterior. “A participação desses fundos tem crescido, seja em número quanto em patrimônio líquido. É uma resposta dos agentes de mercado a esse cenário de juros mais altos, com demanda por esse tipo de produto”, disse o diretor da Anbima Pedro Rudge. Segundo ele, tudo indica que a renda fixa “continue como uma locomotiva de captação dos fundos.” Em especial os de crédito privado .
Para aproveitar esse crescente interesse dos investidores de varejo, a Catálise lançou FIDCs voltados a esse perfil. A modelo de negócio no Brasil foi viabilizado pela Resolução CVM 175, de 2023, que ampliou o acesso desse tipo de investimento ao público geral, oferecendo novas oportunidades de rentabilidade e diversificação. Além disso, a empresa — que completa 10 anos em 2024 — lançou recentemente sua própria Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários (DTVM).
O novo braço de negócios, autorizado pelo Banco Central no ano passado, já conta com 67 fundos e uma carteira de R$ 5,8 bilhões em ativos. A expectativa é que a DTVM ganhe relevância no faturamento da empresa nos próximos anos, aumentando o apetite de investidores que estão com fome de alternativa de ativos.
