Expandir para o mercado internacional é um passo significativo para qualquer empresa, mas, para os microempreendedores, essa jornada pode ser particularmente desafiadora. Ao buscar operar no exterior, eles adentram um território desconhecido: o de envio e recebimento internacional de dinheiro, repleto de dúvidas e incertezas.
Uma pesquisa recente, encomendada pela Wise e conduzida pela Opinion Box, revela que a falta de informações adequadas é um dos principais obstáculos para que microempresas explorem mercados internacionais. E mesmo entre aquelas que já atuam no exterior, 48% enfrentam dificuldades para compreender todos os custos envolvidos nessas operações.
Não é de se surpreender. Regulamentações complexas, exigências de documentação e variações nas regras entre países geram incertezas que dificultam as transações internacionais. Esses são desafios enfrentados por empresas de todos os tamanhos, mas, para microempreendedores, as barreiras financeiras são ainda mais altas devido aos custos associados às remessas internacionais. A mesma pesquisa mostra que 60% das micro empresas consideram os elevados custos de transferência de dinheiro um grande obstáculo para sua expansão.
Neste cenário, as taxas de câmbio podem ser vilãs para os altos custos: 65% das microempresas relatam perdas significativas de dinheiro em decorrência das taxas de câmbio cobradas pelos provedores de serviços ao processarem receitas do exterior. Essa realidade coloca os microempresários em desvantagem em um mercado globalizado que, em teoria, deveria favorecer a competitividade e a inovação. Na prática, o que ocorre são cobranças ocultas de tarifas operacionais, disfarçadas nas taxas de câmbio aplicadas aos microempresários.
Além dos altos valores pagos, a falta de transparência e clareza sobre os custos efetivos incorridos é um desafio adicional. Quase um terço dos empreendedores entrevistados não entende claramente as taxas de câmbio devido à falta de transparência por parte dos provedores de serviço. Isso impede uma tomada de decisão informada que poderia impulsionar o crescimento do negócio ao contribuir com a estratégia de escolha de provedores que oferecem soluções mais adequadas às necessidades de cada microempreendedor.
A adoção de tecnologias financeiras que reduzam os custos de remessas internacionais, maior transparência de todo o setor na apresentação das taxas e tarifas cobradas, e políticas governamentais que facilitem o comércio internacional para micro e pequenas empresas são apenas algumas das mudanças que precisam ser incentivadas e aceleradas.
Se queremos fomentar o empreendedorismo e dar oportunidade para que negócios promissores ganhem o mundo, precisamos fornecer condições para que eles operem de maneira eficiente e sustentável. Com um ecossistema transparente, justo e fácil de navegar, os microempreendedores têm o potencial de levar o Brasil a um novo patamar de inovação e crescimento econômico.
*Enio Almeida é diretor-executivo da Wise no Brasil