A pressão por capital de giro tem sido uma das principais barreiras para o crescimento das transportadoras brasileiras. Em um mercado no qual os custos do frete precisam ser pagos à vista, enquanto o recebimento ocorre a prazo, a necessidade de financiamento imediato se tornou central para manter e expandir operações. É nesse cenário que a Cargo X, fintech especializada em crédito para o setor logístico, projeta emprestar até R$ 1 bilhão às transportadoras em 2026.
A empresa opera com um modelo que antecipa o capital de giro a partir da emissão do Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e), sem interferir nas negociações entre transportador, embarcador e motorista. Na prática, o embarcador realiza o pagamento diretamente à fintech, que repassa o valor antecipado à transportadora, reduzindo o desencaixe financeiro e acelerando o fluxo de caixa.
Segundo Fábio Lobo, COO da Cargo X, o desequilíbrio entre pagamentos e recebimentos limita tanto o início quanto a expansão das operações logísticas. “A cada movimento há a necessidade de capital de giro. Isso gera um desencaixe de fluxo de caixa gigante para o transportador”, afirmou.
Diferentemente dos bancos, que concentram em suas análises o risco de crédito do transportador, a Cargo X assume o risco na etapa do embarcador ao emitir o documento de transporte. Isso permite liberar valores maiores sem pressionar o balanço da transportadora, que pode inclusive manter suas linhas tradicionais de crédito bancário para outras finalidades.
Entre os benefícios oferecidos estão a antecipação de até 80% do valor do frete, emissão digital de documentos e monitoramento completo da carga da coleta à entrega, com proteção contra perdas e danos.
A modalidade ganhou escala rapidamente. Em agosto, a solução financeira respondeu por 90% da operação da empresa, que emprestou R$ 50 milhões às transportadoras apenas naquele mês. A fintech atende atualmente mais de 370 clientes e projeta crescer 160% em receita em 2025, alcançando a marca de R$ 500 milhões.
O avanço é sustentado por investimentos em automação, que reduzem a necessidade de expansão do quadro de funcionários e aumentam a velocidade de atendimento. “Estamos nos posicionando definitivamente como parceiros financeiros dos transportadores. Atuamos apenas como provedores de capital de giro, sem interferir na relação com clientes ou caminhoneiros”, disse Lobo.
Por estar inserida no ecossistema de transporte, a Cargo X afirma ter acesso a informações operacionais mais detalhadas do que as instituições financeiras tradicionais, o que melhora a capacidade de análise de risco e permite oferecer crédito a transportadores que ainda não possuem acesso a instituições bancárias.
A empresa reforça que seu papel é apoiar de forma direta a sustentabilidade financeira das transportadoras, sem alterar dinâmicas comerciais já estabelecidas. “Estamos resolvendo uma das principais dores do mercado, que é o acesso ao capital de giro. E é importante destacar que o nosso cliente é exclusivamente a transportadora”, afirmou o executivo.

