Os golpes de engenharia social estão se tornando um dos maiores desafios para a segurança digital na economia brasileira, que evolui rapidamente. Só no primeiro trimestre de 2025, foram registradas mais de 3,4 milhões de tentativas de fraude digital—o equivalente a uma a cada 2,2 segundos, segundo a Serasa Experian. Esse volume impressionante revela uma realidade preocupante: os cibercriminosos estão utilizando tecnologia em um ritmo que supera a capacidade de defesa de muitas empresas e consumidores.
Diferente dos ataques cibernéticos tradicionais, a engenharia social se baseia na manipulação psicológica e não em invasão tecnológica. Os criminosos usam mensagens convincentes, vozes clonadas por inteligência artificial (IA) e pedidos urgentes—frequentemente se passando por contatos confiáveis—para explorar a confiança humana e obter informações sensíveis, senhas ou transferências instantâneas via Pix. O avanço da IA tornou esses golpes ainda mais sofisticados, permitindo que fraudadores imitem vozes, reproduzam estilos de escrita e personalizem mensagens para cada alvo. No cenário atual, ninguém está imune—independentemente do nível de conhecimento digital. A vulnerabilidade humana tornou-se o principal vetor de ataque.
Dados recentes da Associação de Defesa de Dados Pessoais e Direitos do Consumidor (ADDP) mostram um aumento de 45% nos ataques digitais reportados em 2024, ultrapassando 5 milhões de casos. Mais da metade das vítimas sofreram prejuízos financeiros, geralmente entre R$1.000 e R$5.000—valores que podem impactar significativamente o orçamento familiar e reforçam a necessidade urgente de uma cultura de prevenção e proteção.
Acreditamos que a segurança digital exige uma abordagem holística, combinando educação, prevenção e proteção financeira. Soluções de seguro digital surgem como uma camada vital de defesa, oferecendo suporte em caso de perdas financeiras por golpes, incluindo fraudes de engenharia social. Embora esses produtos não substituam a vigilância do consumidor, eles fornecem um respaldo essencial quando as medidas preventivas não são suficientes.
Enfrentar esse desafio exige colaboração entre setor privado, governo e sociedade. É fundamental conscientizar sobre sinais de alerta, como mensagens urgentes, pedidos de transferência imediata ou solicitações fora dos canais oficiais de empresas e entidades, além de promover boas práticas como verificar contatos e utilizar autenticação multifator.
A confiança é a base da economia digital. Proteger esse valor é uma responsabilidade compartilhada. À medida que o Brasil avança na transformação digital, fortalecer nossa rede de segurança é essencial para garantir que a tecnologia continue sendo uma aliada, e não uma vulnerabilidade.
*Leandro Martinez, presidente da Chubb Brasil

