Sustentabilidade ambiental e financeira: Urbem vai dobrar produção de madeira

Companhia paranaense fornece ao Open Mall Praça Pitiguari, localizado na cidade de Atibaia (SP), cerca de 1.300 m³ de madeira engenheirada, o maior volume do material usado em um empreendimento na América Latina

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Imagens: Divulgação

Urbem é fornecedora do Open Mall Praça Pitiguari, localizado na cidade de Atibaia, que possui o maior volume de madeira engenheirada usado em empreendimento na América Latina

Open Mall Praça Pitiguari está sendo construído com madeira engenheirada estrutural, também conhecida como mass timber

Quatro anos atrás, quando a Urbem foi criada, praticamente não existiam projetos arquitetônicos com previsão para o uso de madeira engenheirada. Os desenhos das construções eram feitos sob a ótica da aplicação do concreto e adaptados para a madeira conforme a necessidade e a intenção dos clientes. Hoje, o cenário mudou. A madeira engenheirada já está incorporada aos projetos. A Urbem, indústria brasileira desse produto em larga escala, nasceu para atender a uma demanda crescente – e tem colhido resultados. A produção em 2024 foi de aproximadamente 4.000 metros cúbicos, 50% maior do que no ano anterior.

“Para 2025, pretendemos dobrar nossa produção”, afirmou ao BRAZIL ECONOMY Ana Belizário, diretora de novos negócios da Urbem.

A Urbem atua em um mercado que tem ganhado escala recentemente. A madeira engenheirada, que passa por processos para ganhar durabilidade e resistência, era mais usada em projetos residenciais e em pouca quantidade.

A demanda pelo produto começou a aumentar ao mesmo tempo em que algumas indústrias surgiam no país – e vice-versa. Tudo aconteceu simultaneamente. Não se sabe ao certo se a demanda aumentou e as companhias iniciaram seu trabalho ou se as empresas do ramo surgiram e o interesse pelo material cresceu. É aquela velha questão do ovo e da galinha.

Fato é que, atualmente, a madeira engenheirada é utilizada na construção de condomínios de casas, prédios, empresas e estabelecimentos comerciais. O aumento do interesse pelo material é comprovado por estudos globais.

Segundo a consultoria Markets and Markets, o mercado de madeira, de forma geral, deve crescer de US$ 301 bilhões em 2024 para US$ 405 bilhões até 2030, com uma evolução anual de 4,9%. Já os dados da S&S Insider mostram o tamanho específico do setor de madeira engenheirada, que alcançou US$ 1,2 bilhão em 2023 e deve atingir US$ 4,1 bilhões até 2032, com uma taxa de crescimento anual estimada em 14,8%.

Ana Belizário, diretora de novos negócios da Urbem: exportação está nos planos da empresa
Ana Belizário, diretora de novos negócios da Urbem: exportação está nos planos da empresa

Não é à toa que a Urbem atraiu a atenção de investidores importantes. A companhia foi criada na cidade de Almirante Tamandaré, na região metropolitana de Curitiba, no estado do Paraná, próxima aos maciços florestais de pinus. Suas ações iniciais receberam um investimento total de R$ 220 milhões.

O grupo de investidores é composto por family offices, como ECOA, Marae, BNDESPAR e Heuris, além do DX Ventures, fundo de corporate venture capital da Dexco, que controla marcas como Duratex, Durafloor, Deca, Ceusa e Portinari. Os family offices possuem 76% da Urbem, enquanto a DX Ventures detém 24%.

PROJETOS

Se os estudos e as análises apontam para o crescimento do setor, os casos de uso comprovam essas projeções. A Urbem é a fornecedora do maior volume de madeira engenheirada utilizado em um empreendimento na América Latina.

Trata-se do Open Mall Praça Pitiguari, localizado na cidade de Atibaia, no interior de São Paulo. Foram utilizados mais de 1.300 m³ de madeira engenheirada. Segundo cálculos da Urbem, a estrutura do empreendimento possibilitou a eliminação de mais de 900 toneladas de carbono da atmosfera.

O shopping está sendo construído com madeira engenheirada estrutural, também conhecida como mass timber, proveniente de florestas certificadas de pinus.

Para Ana Belizário, diretora da Urbem, a iniciativa comprova o crescimento do interesse do mercado nacional por obras sustentáveis. “A tecnologia predominante é a madeira engenheirada, que proporciona uma obra muito seca, rápida e limpa”, disse a executiva, acrescentando ainda a possibilidade de um design diferenciado.

Para Alan Dias, sócio-fundador da Timbau Estruturas, responsável pela montagem e gerenciamento da obra, o produto possui outros diferenciais, como segurança com eficiência mecânica equivalente à do concreto, porém com um peso cinco vezes menor, o que facilita o processo construtivo. “Como resultado, a Praça Pitiguari não apenas transforma o skyline local, mas estabelece um novo padrão em design sustentável e integrado, inspirando não apenas a região, mas também representando um ícone arquitetônico”, ressaltou.

O escritório de arquitetura Todescan & Siciliano é o responsável pelo design da Praça Pitiguari. “Projetamos o Praça Pitiguari para ser um espaço onde arquitetura e natureza dialogam, oferecendo aos visitantes uma experiência visual e sensorial única”, explicou o arquiteto Marcelo Todescan, destacando que a estrutura inovadora se adapta às variáveis climáticas de Atibaia.

E para quem pensa que a logística de entrega da madeira pode ser um fator que complica a operação, Ana Belizário esclarece que ocorre justamente o contrário. Por ser mais leve que o concreto, o material pode ser transportado por caminhões para regiões de difícil acesso.

Além disso, a proximidade da Urbem com as florestas de pinus traz vantagens logísticas. O carregamento dos pedidos ocorre somente após a madeira passar pelos processos necessários para estar apta ao uso na construção civil. “Temos um frete otimizado. Se fosse concreto, não conseguiríamos carregar toda a carreta, pois o peso seria bem maior. Pela característica de baixa densidade, conseguimos preencher completamente os caminhões”, explicou a diretora, mencionando projetos em andamento atendidos pela Urbem nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Bahia, além de um no Paraguai.

A exportação, aliás, é uma das frentes de negócio vislumbradas pela Urbem. “Quando entramos no mercado como exportadores de um produto com valor agregado, nos tornamos um competidor interessante. A Urbem tem uma visão voltada para a exportação”, afirmou Ana.

Dessa forma, a Urbem se projeta como uma empresa que alia sustentabilidade ambiental e crescimento financeiro.


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